O Globo, n.32013 , 31/03/2021. País, p.8

 

Ditadura militar ''pacificou o país'', diz Braga Netto

Julia Lindner

31/03/2021

 

 

Em texto sobre os 57 anos do golpe, novo ministro da Defesa afirma que período garantiu “liberdades democráticas' de hoje

O novo ministro da Defesa, Braga Netto, afirmou, em nota, que o período da ditadura militar serviu para “pacificar o país” e deve ser celebrado. Segundo ele, na época, as Forças Armadas enfrentaram “desgastes para reorganizar o Brasil e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos”. O texto foi divulgado em alusão aos 57 anos do golpe de 31 de março de 1964, completados hoje.

“O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março”, afirmou em outro trecho.

O ministro, que deixou a Casa Civil na reforma ministerial para assumir a Defesa, no lugar de Fernando Azevedo e Silva, relembrou a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, dizendo que ela “consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia”.

“Foi uma transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo. O país multiplicou suas capacidades e mudou de estatura”, escreveu.

Braga Netto afirmou, ainda, que “o cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias”.

“As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população. A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso país.”

SENADO SE POSICIONA

O colégio de líderes do Senado avaliará, na segunda feira, um requerimento de Alessandro Vieira (Cidadania-SE) que convida Braga Netto a prestar esclarecimentos sobre as mudanças na pasta. O senador quer que o novo ministro explique se a mudança ocorreu para que o ministério, que buscava manter certa distância da política, tenha uma postura alinhada com o governo, o que levaria as Forças Armadas a realizarem política de governo, em vez de política de Estado. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que o convite será apreciado pelo colégio de líderes e, se houver consenso, será levado ao plenário.