Título: Lula: ''Não é hora de farra''
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Fonte: Jornal do Brasil, 03/03/2005, Economia & Negócios, p. A19

Um dia após a divulgação do PIB, presidente evita otimismo e diz que país precisa de trabalho duro para crescer

Paisandu, Uruguai ¿ AFP Lula, Aloizio Mercadante (centro) e Tabaré Vásquez (à esquerda) participaram de inauguração de fábrica da AmBev no Uruguai

MONTEVIDÉU - Apesar de avaliar o crescimento de 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2004 como muito positivo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou que ainda é necessário ter cautela, pois ''não podemos achar que está tudo resolvido''.

- Não é hora de farra. Temos que trabalhar duro para fazer a economia brasileira crescer - enfatizou o presidente.

Em visita ao Uruguai, por conta da posse do novo presidente do país, Tabaré Vásquez, Lula participou, ontem, na cidade de Paisandu, da inauguração de uma nova unidade de produção de malte da AmBev, que custou US$ 5 milhões e fabricará 130 mil metros cúbicos de malte.

Lula visitou a fábrica acompanhado de Tabaré Vásquez e afirmou que a vitória do presidente uruguaio abre novas perspectivas para Brasil e Uruguai crescerem e resgatarem a dívida social que os dois países herdaram no passado. Segundo o presidente, para ser duradouro, esse crescimento ''não suporta vacilações em nossos compromissos''.

Lula reiterou em seu discurso a necessidade de integração entre os países sul-americanos.

- Sei que o novo presidente do Uruguai está comprometido com o fortalecimento do Mercosul e com a integração do continente sul-americano. Estes objetivos são também prioritários na política externa do Brasil. Daqui para frente, poderemos contar com a inteligência, coragem, sensibilidade política e social do companheiro Tabaré na busca desses objetivos comuns - disse o presidente brasileiro.

Essa integração foi discutida mais cedo, em reunião com os presidentes da Argentina, Néstor Kirchner, e da Venezuela, Hugo Chávez, que também foram ao Uruguai para a posse de Vázquez. Lula ressaltou que o encontro dos três presidentes é uma prova de que ''a América do Sul vive um outro momento''.

Para Lula, o continente vive um período histórico importante e a integração sul-americana já é um ''fato irreversível''.

De acordo com o presidente, deverão ser marcadas em breve outras reuniões entre ministros das áreas econômica, social e energética dos três países. Lula disse ainda que pretende ampliar o encontro com a Argentina e Venezuela. Ele quer conversar com outros membros do Mercosul para ''tirar proveito da complementaridade de cada país''.

Para o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, os encontros realizados ontem mostram que o objetivo é fortalecer a integração regional sem excluir outros países.

- Ninguém quer criar um eixo - afirmou.

O ministro também destacou que o ingresso da Venezuela como membro do Mercosul não tem intenção de enfraquecer a Comunidade Andina (CAN). Segundo ele, o objetivo dos acordos de integração é que todos os países da América do Sul tenham uma só Tarifa Externa Comum (TEC).

Com agências