Título: Mundo terá 9 bilhões de habitantes
Autor: Claudia Bojunga
Fonte: Jornal do Brasil, 26/02/2005, Internacional, p. A12

Relatório das Nações Unidas afirma que salto populacional no planeta de 40% até 2050 A população mundial vai crescer 40% nos próximos 45 anos, em um salto dos 6,5 bilhões de pessoas na atualidade para 9,1 bilhões. A conclusão é de relatório divulgado pelas Nações Unidos. Segundo o estudo, o crescimento se dará basicamente nos países em desenvolvimento, onde a alta taxa de mortalidade é superada por uma alta taxa de natalidade. Nessas regiões, o aumento calculado será de 800 milhões em 2005 para 1,7 bilhão em 2050.

- Será uma pressão no mundo - afirma Hania Zlotnik, chefe da Divisão de População da ONU, responsável pelas projeções. Em 2002, o mesmo departamento havia estimado uma população de 8,9 bilhões para 2050.

- Nos países mais pobres, em que mais pessoas têm baixa escolaridade costuma-se ter mais filhos. No Brasil, por exemplo, as mulheres com quatro anos de estudo têm em média quatro filhos, enquanto as que estudaram durante oito têm dois filhos - explica Ricardo Ismael, professor do Departamento de Sociologia e de Política da PUC-Rio.

O relatório revela também que a Índia vai tomar o lugar da China de país mais populoso do mundo já em 2025.

- Isso é devido ao planejamento familiar muito rígido que há na China, onde as mulheres só podem ter um filho. O controle é muito maior que na Índia - analisa Ismael.

A população dos cinqüenta países mais pobres do mundo irá mais que dobrar no período. E apenas nove países serão responsáveis pela metade desse aumento: Índia, China, Paquistão, Nigéria, República Democrática do Congo, Bangladesh, Uganda, Etiópia e Estados Unidos. Nações como Afeganistão, Chade e Timor Leste, Libéria e Nigéria terão a população triplicada.

- Considerando que alguns deles passaram por conflitos e estão em uma situação agora de paz, isso acarreta em um aumento demográfico. Como aconteceu no pós-2ª Guerra quando houve um boom de nascimentos - o professor Ismael.

- São justamente os que não são capazes de dar comida e abrigo adequados para toda a sua população- ressalta Haina Zlotnik.

- O desafio maior será para os países mais pobres. Já que quanto maior a população mais é difícil oferecer saúde, educação e emprego para todo mundo.

A expectativa de vida de um indivíduo que nasce em 2050 vai superar em dez anos a atual, de 65 anos. E o controle de natalidade deve declinar de 2,6 crianças por mulher para 2 crianças em 2050. Zlotnik lembrou que as estimativas da ONU dependem do controle do avanço da Aids.

- Temos que enfatizar que o documento prevê que a longo prazo a Humanidade terá sucesso em combater a doença- diz.

Em outro extremo estão os países desenvolvidos, que permanecerão estáveis em relação número de habitantes, 1,2 bilhão no total. Cinqüenta e um países terão até redução populacional, entre eles Alemanha, Itália, Japão e Rússia.

- Desde 1990 a 1995, o declínio de fertilidade tem sido uma regra entre os países desenvolvidos - afirma Zlotnik.

A população de muitos países desenvolvidos com taxas de natalidade decrescentes, como os Estados Unidos e Reino Unido, vai aumentar devido à chegada de imigrantes. As nações de primeiro mundo devem absorver 2,2 milhões deles até 2050.