Título: A frieza no crime premeditado
Autor: Ana Paula Verly
Fonte: Jornal do Brasil, 26/02/2005, Rio, p. A14

Reconstituição mostra que assassino esperou pela melhor oportunidade para surpreender ambientalista Policiais da 58ª DP(Posse) e da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) fizeram na tarde de ontem uma rápida reconstituição da morte do ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro, na noite de terça-feira. Acusado do crime, o caçador e palmiteiro Leonardo de Carvalho Marques descreveu com frieza os últimos momentos do ambientalista, assassinado a 200 metros da reserva do Tinguá, em Nova Iguaçu. Leonardo também mostrou aos policiais o local onde escondeu duas cápsulas da espingarda calibre 28 e a roupa camuflada usadas no crime. Cinco policiais chegaram à Estrada Administração, onde o ambientalista foi morto, em dois carros com Leonardo, por volta das 16h30. Eles atravessaram o Rio Tinguá, que corre paralelo à estrada, e entraram na mata da Reserva Biológica do Tinguá.

O assassino estava algemado e guiou, por aproximadamente 20 minutos, os policiais para o local onde estava uma mochila contendo a camisa camuflada e a touca ninja usadas no crime. As duas cápsulas da armanão foram encontradas. Segundo o criminoso, elas foram enterradas, mas a forte chuva que caiu ontem na reserva fez com que as folhas cobrissem a área.

Os policiais planejam mais buscas na segunda-feira.

Uma calça camuflada, escondida no telhado da casa de Leonardo, que fica a cerca de 200 metros do local do crime, também foi recolhida. O caçador e Seu Júlio eram praticamente vizinhos. Eles moravam na Estrada da Administração, distantes cerca de 100 metros um do outro.

Na reconstituição, Leonardo mostrou também o local onde ficou abaixado, na beira da estrada, esperando o ambientalista passar para alveja-lo. O disparo chamou a atenção dos próprios parentes de Leonardo, que vinham em sua direção pela estrada. O caçador mandou-os parar e disparou mais dois tiros. Depois, fugiu pela mata para casa, onde trocou de roupa e voltou para a rua.

Antes de sair, uma vizinha o alertou sobre um corpo na estrada, mas ele deu a desculpa de que iria até a praça telefonar. No dia seguinte, Leonardo desmontou a arma e a escondeu no bambuzal.

Segundo um dos policiais, que não quis se identificar, Leonardo estava na praça antes do crime e viu quando o ambientalista seguia para uma reunião:

- Ele viu uma boa oportunidade. Estava com raiva porque vive da caça e da pesca e contou que o Seu Júlio o tinha denunciado.