Título: Lula avaliza e PMDB articula com Sarney
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Fonte: Jornal do Brasil, 14/01/2009, País, p. A4
Partido pretende tirar Garibaldi e entregar a ele a CCJ
BRASÍLIA
O impasse em torno da sucessão pelos comandos da Câmara e do Senado foi tema de parte da reunião de coordenação política realizada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. Depois da reunião, interlocutores de Lula confirmaram que as conversas com o senador José Sarney (PMDB-AP) e os demais integrantes do PMDB do Senado foram adiadas para a próxima semana, ainda sem data para ocorrer.
Por cerca de meia hora, o ministro José Múcio Monteiro (Relações Exteriores) fez uma exposição sobre as articulações para as eleições tanto na Câmara como no Senado. A preocupação de Lula se concentra na falta de acordo no Senado, uma vez que os peemedebistas negociam o lançamento de Sarney como opção de consenso.
Lula deve se reunir com Sarney em um encontro privado e, depois, chamará o restante da bancada do PMDB para uma conversa. Oficialmente a reunião, prevista para ontem, foi remarcada porque Sarney está gripado. Peemedebistas teriam pedido o adiamento da reunião porque ainda alinhavam detalhes de um acordo ainda maior que envolve as lideranças do partido e do governo no Congresso, além de partidos aliados.
Múcio discutiu o tema durante a reunião de coordenação, na qual estavam o vice-presidente José Alencar e os ministros Luiz Dulci (Secretaria Geral), Dilma Rousseff (Casa Civil), José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), Franklin Martins (Comunicação Social) e Tarso Genro (Justiça).
Apesar de a preocupação do Planalto estar localizada na disputa no Senado, há receios que as movimentações entre os senadores interfiram nos acordos já definidos na Câmara. Se o PMDB lançar Sarney, o PT na Câmara deve abandonar a candidatura do deputado Michel Temer (PMDB-SP), apontado como favorito na disputa.
Com o PT na Câmara devem seguir mais partidos e também dissidentes de partidos aliados do governo em favor de outros nomes que também disputam as eleições na Câmara os deputados Ciro Nogueira (PP-PI), Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Osmar Serraglio (PMDB-PR).
Segundo alguns deputados, a tendência é que o abandono dos petistas à campanha de Temer afete seu favoritismo. Porém, o Planalto dá como certa a vitória do peemedebista que conta com as simpatias de Lula e Alencar.
Já o comando do PMDB encontrou uma solução para o impasse em torno da sucessão no Senado. Um acordo interno definiu que o candidato da legenda à presidência será o senador José Sarney (AP), enquanto a liderança do partido ficará a cargo de Renan Calheiros (AL). O senador Valdir Raupp (RO) deverá ser premiado com a nomeação para a liderança do governo no Congresso.
Quebra-cabeça O acordo foi fechado nas últimas horas por lideranças do partido depois de intensas trocas de telefonemas, mas falta ainda alinhavar a questão política com os aliados para que o PT não se sinta desprestigiado com a rejeição do nome de Tião Viana (AC) na corrida pelo comando do Senado. No novo quebra-cabeça peemedebista, o atual presidente do Senado, Garibaldi Alves (RN), que busca a reeleição, mas tem sua candidatura ameaça por inseguranças jurídicas, seria contemplado com o comando de uma das principais comissões da Casa: a Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania, responsável direta pela tramitação das propostas no Congresso. Garibaldi já admitiu que se o PMDB pedir, retira seu nome da disputa.
Lula agora busca meios de articular com o PT e os demais aliados colocações para Tião e seu grupo, uma vez que o governo defendeu oficialmente a candidatura do petista e sabe que, a dois anos das eleições majoritárias, os cargos no Congresso são essenciais para a campanha eleitoral.
O presidente também já foi alertado por interlocutores de que contrariar o PMDB neste momento pode ser prejudicial para sua sucessão em 2010. Os peemedebistas poderiam se sentir livres de qualquer obrigação em relação a apoiar um nome escolhido por Lula.