Valor Econômico, n.5207 , 15/03/2021. Brasil, p.A4

 

Cardiologista é favorável à vacinação e distanciamento

Rodrigo Carro

15/03/2021

 

Indicação seria guinada de Bolsonaro

Se for confirmada como substituta do ministro da Saúde, Eduardo Pazuelo, a cardiologista Ludhmila Abrahão Hajjar pode - ao menos em tese - representar uma nova guinada da administração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na área de saúde. No ano passado, ela afirmou publicamente que não há evidências científicas que comprovem a eficácia da cloroquina no tratamento da covid-19. Também defendeu em entrevistas medidas de distanciamento social e a vacinação em massa - ela recebeu a segunda dose da Coronavac no mês passado.

Entre seus pares, a médica é conhecida pela dedicação extrema ao trabalho - a ponto de dormir apenas poucas horas por noite. “Você conversa com ela à 1h, às 2h, às 3h”, conta uma fonte que acompanha de perto a carreira de Ludhmila mas prefere não ter seu nome divulgado. “Ela diz que dorme entre as 2h e as 5h, mas se você ligar nesse horário ela atende e volta a dormir.”

Nascida em Anápolis (GO), a médica se formou em medicina pela Universidade de Brasília (UnB) em 2000. Especializou-se em terapia intensiva e em medicina de emergência, de acordo com o currículo acadêmico disponível na Plataforma Lattes.

O estudo que embasou sua tese de doutorado em anestesiologia - sobre transfusões de sangue em cirurgias cardíacas - deu origem também a um artigo científico publicado no Journal of the American Medical Association (Jama), respeitada publicação científica americana. Concluiu o doutorado em 2010, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), instituição na qual exerce o cargo de professora associada.

A mesma fonte que a descreve como um “trator” em termos de capacidade de trabalho, ressalta sua capacidade de diálogo. “Não é uma pessoa que vai para o embate. Ela vai construir pontes”, diz a fonte, destacando o bom trânsito da cardiologista com autoridades públicas.

Na web, é possível encontrar fotos de Ludhmila ao lado do ministro de Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Em um tuíte publicado ontem, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas agradece à medica por ter cuidado dele “desde o primeiro dia” em que foi diagnosticado com covid, em outubro.

Ludhmila trabalhou até setembro de 2019 como gerente médica de pacientes críticos do Hospital Sírio-Libanês em Brasília. Foi também coordenadora médica de UTIs do hospital em São Paulo. Entre 2016 e 2018 atuou como diretora clínica no Instituto do Coração (Incor). Atualmente é cardiologista e intensivista no Vila Nova Star, hospital da Rede D’Or.