Título: Salário melhora no trabalho informal
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Fonte: Jornal do Brasil, 26/02/2005, Economia, p. A17
Depois de se notabilizar pela geração de vagas com rendimentos baixos e em constante queda, o emprego sem carteira assinada passa a apresentar elevação no nível salarial. Na média nacional, ainda não atingiu os R$ 931,20 que ganhava o brasileiro com carteira assinada em janeiro. Mas, para o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego, Cimar Pereira, a elevação de 7,5%, que aumentou para R$ 622 o salário dos sem-carteira, indica uma nova tendência, em que os trabalhadores sem carteira passarão a ter aumento na renda.
- O ciclo dos empregos informais se iniciou com a chegada da crise econômica. Depois, vem o desemprego dos formais e a queda na renda. É quando as pessoas inativas se lançam no mercado, para reforçar o orçamento, derrubando a taxa de ocupação e a renda. Quando elas ingressam no mercado informal, os salários iniciais são mais baixos. Agora, eles estão subindo, seguindo a mesma tendência dos empregos formais, o que não ocorria até pouco tempo atrás. Em janeiro, quem entrou no setor veio ganhando alto. Além disso, tem gente saindo desse mercado, já que a população não economicamente ativa (que não trabalha nem procura emprego) está diminuindo, elevando a média nesse segmento - explica Cimar.
A alta dos rendimentos do setor privado formal foi de 0,6%. No país, a elevação salarial em janeiro atingiu 2,2%.
A população não economicamente ativa aumentou 5% no país. O número de pessoas com carteira assinada caiu 0,9% e os informais reduziram-se em 3,2%. O universo de trabalhadores por conta própria caiu 1,4% e o número de empregadores se manteve.
Na comparação com dezembro, o número de vagas se manteve em todos os setores - indústria, comércio, serviços para empresas, educação e saúde, serviços domésticos e outros serviços, com exceção da construção civil, que contraiu 4,5%. Mas, na comparação com janeiro do ano passado, quase todos elevaram o número de vagas, menos os setores de construção civil e educação e saúde, que se mantiveram no mesmo patamar de 12 meses atrás.
Para o economista Claudio Considera, do Ibmec, a expectativa é de alta no emprego ao longo do ano.
- A retomada do emprego vai ser uma tendência geral. A indústria deverá abrir mais vagas. No Rio, aposto na construção civil, especialmente pelo momento do setor imobiliário, com muitos lançamentos, e nas obras que virão para criação da infra-estrutura necessária para o recebimento dos jogos Pan-Americanos, em 2007 - aposta Considera.