Bolsonaro tem sido pressionado por aliados no Congresso, ministros do STF e diversos setores da sociedade a mudar o rumo do combate à covid-19. A troca na pasta da Saúde é uma sinalização, embora a escolha tenha gerado desgaste junto a integrantes do Centrão, que defendiam o nome da médica Ludhmila Hajjar.
O Planalto não esclareceu o motivo da posse ter ocorrido a portas fechadas. Mesmo com a recomendação de especialistas para que eventos presenciais sejam evitados, o Planalto tem realizado cerimônias nos últimos dias e havia previsão de posse com a presença de convidados no salão nobre do palácio.
Queiroga assumiu a pasta no dia em que o país registrou recorde de mortes por covid, com 3.158 óbitos em 24 horas, diante de filas de espera por leitos de UTIs; de preocupação nos Estados com a falta de medicamentos necessários para a intubação de pacientes; e da pressão por mais agilidade na disponibilização de vacinas.
Nos últimos dias, o cardiologista já estava atuando ao lado de Pazuello para conhecer os processos do ministério e fazer o processo de transição. Nos pronunciamentos após ser confirmado por Bolsonaro, Queiroga defendeu a importância das “evidências científicas” em futuras ações da pasta, mas indicou que dará continuidade ao trabalho que já vinha sendo realizado.
“A política é do governo Bolsonaro, não é do ministro da saúde. A saúde executa a política do governo”, afirmou a jornalistas, na semana passada. “Pazuello tem trabalhado arduamente para melhorar as condições sanitárias do Brasil e eu fui convocado pelo presidente para dar continuidade a esse trabalho”.
Sem entrar em detalhes sobre a adoção de lockdown, ele também mostrou preocupação com os impactos da pandemia na economia, na linha dos discursos do presidente, e evitou comentar o chamado “tratamento precoce” para a doença, que passou a ser recomendado pelo Ministério da Saúde na gestão Pazuello diante da pressão de Bolsonaro. O uso de medicamentos sem comprovação científica para covid-19, como hidroxicloroquina e ivermectina, estiveram no centro de divergências com os outros dois ministros que comandaram a pasta, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.