Título: Nísia, à frente do seu tempo
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 03/03/2005, Brasília, p. D5

Muitos já ouviram falar de Gilberto Freyre, Frei Caneca, Luiz Carlos Prestes. Mas quem se recorda do trabalho da jornalista e revolucionária Nísia Floresta? Ainda nas primeiras décadas século 19, ela fundou a primeira escola brasileira exclusiva para meninas. Era o Colégio Augusto, que funcionou por apenas 17 anos, para ensinar línguas estrangeiras, geografia e história, deixando de lado as agulhas. Um contraponto ao Colégio Pedro II, que só aceitava rapazes. Histórias assim como a de Nísia e de outras mulheres deixaram de ser registradas ao longo dos tempos no mundo e no Brasil. À margem das estatísticas e dos estereótipos, é impossível negar que as mulheres avançaram muito, a duras penas. A luta e a subversão de Nísia Floresta não se perderam no tempo. Hoje, as talvez tataranetas de suas alunas respondem por 56,5% dos matriculados no ensino superior. Segundo levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), são as principais responsáveis pela educação brasileira. Nada menos que 83% dos professores, desde o nível básico até o superior, são mulheres.