Título: Turismo combaterá a prostituição
Autor: Guilherme Queiroz
Fonte: Jornal do Brasil, 26/02/2005, Brasília, p. D3

Conselho Nacional lançará terceira etapa do plano, cuja meta é eliminar a exploração sexual infanto-juvenil Novos rumos e políticas começarão a ser traçados para o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes no DF. A partir do próximo mês, empresários e representantes do setor turístico local iniciam uma série de reuniões com órgãos do governo federal para formar um diagnóstico do aliciamento juvenil nas cidades. Com base nas discussões, elaborarão um conjunto de medidas que vise inibir a vinculação da atividade turística à exploração de jovens brasilienses. As conversas terão início a partir de 3 de março, data em que o governo federal lança, durante a reunião trimestral do Conselho Nacional de Turismo (CNT), a terceira etapa da Campanha Nacional de Enfrentamento e Combate à Exploração Sexual Infanto-Juvenil, intitulada Plano de Ações Integradas para o Turismo Sustentável e Infância. Será feito, no encontro, um chamado aos empresários do setor para que forneçam elementos sobre a situação para a elaboração de planos de acordo com a realidade de suas respectivas regiões.

- Não vamos jogar a questão para debaixo do tapete. O problema existe. Reconhecer sua existência, ter coragem e vontade política de combatê-lo é o que estamos fazendo agora - afirma o coordenador de Ações do Ministério do Turismo, Sidney Alves Costa.

Com os empresários do turismo local, o governo federal tentará diagnosticar um problema que, no DF, ocorre longe dos olhos do pedestre e da polícia, segundo a integrante da coordenação-geral do Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (Cecria), Neide Castanha. Desde 2001, o disque-denúncia do governo federal recebeu apenas 19 denúncias por exploração sexual infanto-juvenil, número que a coordenadora aponta como uma ''subnotificação''.

- O número denunciado não nos revela a dimensão do problema. Há uma falsa idéia de que o centro administrativo do País não combina com a exploração sexual - argumenta Neide, que há dez anos trabalha no combate à exploração.

Uma das razões do número reduzido de denúncias apontadas pela coordenadora é a falta de visibilidade da exploração de menores. Os programas são feitos, na maioria das vezes, por meio de intermediários, via celular: as meninas não precisam fixar pontos na rua. Anúncios de jornais, muitas vezes com palavras como ''ninfeta'' e ''colegial'', podem apontar para uma falsa declaração de maioridade, afirma Neide. Nas cidades satélites, ela relata que a exploração chega a acontecer em feiras, como a ''Feira da Periquita'', no Setor O de Ceilândia.

- A exploração sexual é diversificada, desde de agências voltadas para clientes de alta renda ao aliciamento no meio da rua - conta Neide.

Como um primeiro passo, o Ministério do Turismo e outros órgãos federais envolvidos no plano verificarão se há programas no GDF voltados para o combate a exploração. Vão colher também, junto representantes do setor turístico local - como agências de viagens, hotéis e bares - informações sobre o funcionamento do problema e sua relação com o turismo. A partir dos diálogos, as informações vão municiar os órgãos competentes e os próprios empresários, para elaborar um plano voltado especificamente para a realidade local.

- Queremos trazer melhorias para nossos destinos turísticos, dentro de uma lógica socialmente sustentável - pondera Alves Costa.

Serviço:

Contra a exploração sexual

Disque-denúncia: 0800 99 0500