Título: Bancos públicos vão reduzir taxas
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Fonte: Jornal do Brasil, 12/12/2008, Economia, p. A18

Dilma Rousseff anuncia que Lula determinou queda de taxas do Banco do Brasil e da Caixa

Um dia depois da decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de manter inalterada a taxa básica de juros (Selic), a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, anunciou a contrapartida do Planalto. Ontem, anunciou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a revisão dos juros cobrados pelo Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal nos empréstimos para seus clientes.

¿ O presidente Lula está extremamente preocupado com os juros cobrados na ponta. E determinou ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal que façam a revisão do que estão cobrando acima da taxa Selic ¿ disse a ministra, durante comemoração de 90 anos de fundação da Farmanguinhos (Instituto de Tecnologia em Fármacos da Fiocruz), em evento que contou com a presença do ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

O Copom decidiu na noite de quarta-feira manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano, contra a opinião do presidente Lula e de muitos integrantes do governo. A decisão ¿ unânime ¿ foi tomada depois de quatro horas de reunião.

Dilma informou que Lula pediu aos bancos que adotem políticas de juros seguindo razões técnicas, e não políticas. Segundo ela, não houve aumento do custo de captação de dinheiro em relação ao que era verificado antes do agravamento da crise financeira internacional.

¿ Querer obter maior lucratividade em cima da retração da economia não é correto. É uma questão de responsabilidade ¿ afirmou.

Pior que 1929

Dilma disse que a atual crise financeira é bastante grave e que supera o crash de 1929. A ministra reiterou ainda que o governo vem tomando medidas pró-ativas para estimular o crédito e reduzir o custo de capital.

¿ O governo tem capacidade de agir diante da crise, ao contrário de outras épocas. Temos condições de tomar uma série de medidas para impedir que a crise tenha efeitos mais profundos ¿ afirmou a ministra, ao observar que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre mostra que, ao contrário de outros países emergentes, a crise somente chegou ao Brasil no final de setembro.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB nacional teve uma expansão de 6,8% no terceiro trimestre deste ano ante idêntico período de 2007.

Tendência de alta

Ontem, a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) anunciou que as taxas de juros para empresas e para o consumidor mantiveram a tendência de alta em novembro, subindo pelo sétimo mês consecutivo. Com os aumentos no mês passado, as taxas para consumidores chegaram ao ponto mais alto desde novembro de 2005, enquanto para empresas são as maiores desde julho daquele ano.

Segundo pesquisa da Anefac, a taxa média para pessoa física apresentou uma elevação de 0,07 ponto percentual no mês, de 7,54% ao mês (139,24% ao ano) em outubro para 7,61% ao mês (141,12% ao ano) em novembro. Já para a pessoa jurídica, os juros tiveram uma elevação de 0,04 ponto percentual, de 4,43% ao mês (68,23% ao ano) em outubro para para 4,47% ao mês (69,00% ao ano) em novembro.

Desde setembro de 2005, o BC reduziu os juros de 19,75% ao ano para 13,75% ao ano (seis pontos percentuais).