Título: Opep anuncia maior corte da história
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Fonte: Jornal do Brasil, 18/12/2008, Economia, p. A18

Manifestantes invadem a Petrobras para protestar contra leilão da ANP, mas governo não cede

Os ministros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) decidiram ontem promover o maior corte de produção da história, ao reduzir em 2,2 milhões de barris por dia (bpd) o fornecimento de petróleo em uma tentativa de equilibrar a oferta com a decadente demanda. Os 12 membros da Opep também querem desenvolver um piso para os preços, que caíram mais de US$ 100 depois do pico em julho acima de US$ 147 o barril.

O corte, que entrará em vigor a partir de 1º de janeiro, soma-se a reduções anteriores de 2 milhões de bpd definidos pela Opep em suas duas últimas reuniões. Isso reduz a meta de oferta do grupo para 24,845 milhões de bpd.

¿ Espero que tenhamos surpreendido vocês. Se não, temos que fazer algo sobre isso ¿ disse o presidente da Opep, Chakib Khelil.

O petróleo caiu mais de US$ 3 para perto de US$ 40 após o acordo, depois de dados semanais dos EUA terem mostrado que os estoques no maior consumidor do mundo continuam a aumentar. A recessão vem prejudicando a demanda mundial e os estoques do combustível estão inchando em todo o mundo. Os preços já caíram dois terços e analistas afirmam que o mercado de petróleo está sob a influência dos distúrbios financeiros globais.

¿ A economia mundial está controlando o preço mais do que qualquer coisa que a Opep possa fazer neste momento ¿ disse Gary Ross, diretor-executivo da consultoria PIRA Energy. ¿ Será difícil que os cortes tenham qualquer efeito em relação aos preços em um ambiente de deterioração econômica.

Manifestação na Petrobras

Uma faixa em um dos principais cartões postais do Rio de Janeiro, o Pão de Açúcar, foi uma das formas encontradas pelos petroleiros e o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) para protestar contra a 10ª rodada de licitação de blocos de petróleo e gás natural, prevista para começar hoje. Preocupado com a repercussão dos atos de protesto contra o leilão, o governo chegou a utilizar alguns minutos no horário nobre da TV, na noite de terça-feira, para defender a rodada. "O petróleo tem que ser nosso", diz a gigantesca faixa colocada esta manhã na pedra do morro do Pão de Açúcar, ao mesmo tempo em que manifestantes do MST e da Frente Nacional dos Petroleiros ocupavam o prédio da sede administrativa da Petrobras, uma das participantes do leilão.

¿ Até o momento não há impedimento legal para o leilão e está tudo confirmado para amanhã (hoje) ¿ informou a assessoria da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), responsável pela organização do evento.

Quinta-Feira, 18 de Dezembro de 2008 - 02:00