Título: ONU: Venezuela cresce e ultrapassa o Brasil no IDH
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Fonte: Jornal do Brasil, 19/12/2008, País, p. A6
Brasil mantém taxas e permanece na 70ª posição, à frente da Rússia
Brasília
O Brasil se manteve em 2008 na 70º posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgado ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Na comparação com os países vizinhos, foi superado pela Venezuela que passou da 74ª posição em 2007 para 61ª em 2008. O desempenho venezuelano só não foi melhor do que o do Equador, que subiu 17 pontos, passando da 89º para a 72ª posição. Venezuela e Equador deixaram o grupo das nações de médio IDH e passaram a integrar o grupo de 75 países de alto índice.
Apesar de estar na mesma posição de 2007, o Brasil apresentou uma melhora sutil no seu indicador social, que passou de 0,802 para 0,807. A nota o mantém no grupo dos países considerados de alto desenvolvimento humano ¿ aqueles com IDH superior a 0,8. O Brasil não é mais o último país do grupo de alto IDH. Existem cinco países abaixo.
Apesar de cair no ranking do IDH, a Argentina continua na frente do Brasil. Passou de 38º para 46° lugar. O Uruguai também caiu. Foi da 46º para 47º posição. O Brasil também foi superado pela ilha de Santa Lúcia, nas Antilhas (66º), Montenegro (64º) e Sérvia (65º). Em compensação, ultrapassou quatro países: Rússia, Ilhas Maurício, Bósnia Hezergovina e Tonga.
Segundo o Pnud, a melhora do indicador brasileiro pode ser creditada aos avanços no aumento de sua taxa de alfabetização, que foi de 88,6% para 89,6%. Já a taxa de matrícula registrou queda de 87,5% para 87,2%. O IDH, calculado para um total de 179 países, abrange três aspectos: a renda, tendo como indicador o Produto Interno Bruto per capita; a longevidade, medida pela expectativa de vida; e a educação, avaliada pela taxa de analfabetismo e pela taxa de matrícula. A expectativa de vida no Brasil passou de 71,7 anos em 2007 para 72 em 2008.
Mesmo com os avanços, o Pnud lembrou que o Brasil possui importantes desafios a enfrentar que o diferencia dos países latino americano melhor posicionados no IDH. Entre eles, Chile (40º), Argentina (46º), Uruguai (47º) e Venezuela (61º). Os principais problemas apontados são a mortalidade infantil e materna, o saneamento e um grau elevado de desigualdade social.
O IDH sempre trabalha com dados produzidos dois anos antes. Logo, os índices divulgados levam em consideração dados de 2006. Segundo o Pnud, a novidade no cálculo esse ano foi o recálculo dos PIBs internacionais feito pelo Banco Mundial e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) por conta de um estudo internacional que atualizou os preços comparativos em mais de 146 países.
O coordenador de Desenvolvimento Humano Nacional do Pnud, Flávio Comim, destacou que uma alteração na metodologia de levantamento dos dados fez com que muitos países latino-americanos oscilassem de posição, mas o Brasil se manteve no mesmo patamar:
¿ Em termos de comércio internacional e produção, o Brasil ainda tem muito espaço para crescer
IBGE
Também ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Mapa da Pobreza e Desigualdade 2003. O Nordeste tem mais que o dobro de municípios com pessoas abaixo da linha da pobreza que em todo o Brasil. Na região, 77% dos municípios estavam nesta condição, enquanto que a média do Brasil era de 32,6%. A pesquisa, feita em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) traça, pela primeira vez, indicadores como a incidência de pobreza e a desigualdade entre os pobres no Brasil.
O mapa revela que 1.793 municípios tinham populações vivendo abaixo da linha da pobreza naquele ano. Assim como no Nordeste, na Região Centro-Oeste o índice foi mais que o dobro do Brasil: 73,5%. Já em uma outra ponta, o Sul teve apenas 0,9% de seus municípios nessa condição. No Sudeste, o índice também foi baixo: 13,3% do total de municípios na região.
O Mapa da Pobreza calculou também o quão distante está uma região de ultrapassar a linha da pobreza. O Nordeste concentrou uma média de pobres com a maior distância da linha da pobreza: 28,6%, contra 13,1% no Norte. O Centro-Oeste está mais próximo desta linha que o Sudeste. Apenas 3,6% dos municípios daquela região tinham uma distância da linha da pobreza maior que 25%, contra 6,8% no Sudeste. No Sul, o IBGE não registrou nenhum município nesta mesma condição. (Folhapress)