Título: Cássio Casseb foi um dos principais
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 13/02/2005, País, p. A3

O ex-presidente do Banco do Brasil Cassio Casseb Lima foi um dos principais alvos da Kroll Associates no Brasil. O nome de Casseb foi o mais bisbilhotado nos bancos de dados de órgãos oficiais.

A PF descobriu a intensa investigação sobre a vida de Casseb durante investigação sobre as tentativas de cooptação de servidores públicos por parte da Kroll.

A empresa contratada por Daniel Dantas e Carla Cico tentou cooptar o policial federal André Ordones Filho. O agente foi contactado pelos espiões Tiago Verdial e William Goodall, da empresa de espionagem, para se tornar fonte de informações da organização criminosa.

Diligências da PF no Serpro e na Receita Federal, a fim de identificar eventuais acessos do policial ao banco de dados, mostraram que não houve nenhum em 2003. A Polícia Federal então inverteu a pesquisa e descobriu, ao analisar todas as consultas feitas no período, que Cassio Casseb Lima foi alvo de 25 acessos, no Serpro e na Receita. Nenhuma das consultas foi feita por integrantes da PF.

O relatório policial traz anexado um levantamento ''confidencial'' da Kroll Associates sobre a vida de Cassio Casseb Lima, ou ''CCL'', como é chamado ao longo do documento. Há, no relatório, números de telefones da casa, celulares e dados sobre a família de Casseb, além de informações sobre os cartões de crédito utilizados pelo então presidente do BB.

O documento traz ainda uma lista detalhada de investimentos e transações financeiras de Cassio Casseb. Na tabela, estão os nomes dos bancos, ano fiscal e valores das operações.

Para a Polícia Federal, não há mais dúvidas de que a quadrilha quebrou sigilos bancários e teve acesso a informações fiscais dos investigados. Um dos trechos do relatório diz que ''a quadrilha organizada elaborava os relatórios endereçados aos chefes (DD e CC) contendo informações protegidas por sigilo constitucional''. DD e CC são as abreviações de Daniel Dantas e Carla Cico nos relatórios.

Na residência do espião Tiago Verdial, a PF conseguiu uma lista de senhas de bancos de dados, alguns deles protegidos por sigilo. Há senhas para consultas dos sistemas Check Check, Serasa, SCI, Uol, Bankinform e Associação Comercial de São Paulo.

A investigação aponta como receptores dos relatórios finais Daniel Dantas e Carla Cico. Em poder de Tiago Verdial, foram encontrados documentos e informações bancárias de uma empresa. A espiã Júlia Cunha encaminhou para Tiago e para William Goodall dados obtidos junto ao sistema de informações do Banco Central (Sisbacen), referentes a transferências de dinheiro para o exterior entre empresas.

Os espiões da Kroll também tiveram aceso a dados cadastrais de diversas pessoas nas empresas Nextel, Vivo, Claro, Tim, Vésper e Telefônica, constitucionalmente protegidos por sigilo.