Título: UE financia a ciência do Mercosul
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 20/12/2008, Vida, p. A22
Cinco projetos do bloco latino com participação de brasileiros dividirão cerca de US$ 4 milhões
Uma cooperação entre a União Européia e o Mercosul, que visa a financiar projetos agrícolas em biotecnologia na América Latina, anunciou, ontem, as cinco equipes vencedoras que dividirão cerca de US$ 4 milhões para desenvolverem seus projetos ¿ todos eles com a participação de brasileiros.
Chamado Biotecsur, o programa tem o objetivo de estimular o desenvolvimento de novas tecnologias e o seu uso na região do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai). E, assim, aumentar a competitividade de seus produtos nos mercados internacionais.
Um dos projetos, que conta com a participação de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, está envolvido com a aplicação da genômica e de outras ferramentas biotecnológicas para o desenvolvimento e controle de vacinas contra o vírus da febre aftosa. A contribuição solicitada à UE é de cerca de R$ 1,44 milhão.
Outro visa ao desenvolvimento de estratégias biotecnológicas para o controle de doenças bacterianas, virais e por protozoários intracelulares no gado bovino do Mercosul. O orçamento solicitado à UE para este é de R$ 2,58 milhões aproximadamente e participa dele o Centro de Biotecnologia Universidade Nacional de Pelotas.
Selecionados por cientistas extra-regionais e avaliados pelo comitê da Comissão de Apoio ao Desenvolvimento de Biotecnologias (CADB), os projetos vencedores são formados por equipes multidisciplinares e multi-institucionais. Entre os componentes dos grupos estão pesquisadores e professores de diversas instituições dos quatro países do Mercosul.
A Estación Experimental Agroindustrial Obispo Colombres (EEAOC), da Argentina, é a coordenadora do Biotecsur. O financiamento foi destinado a iniciativas inovadoras na área dos setores florestal, carnes bovinas, avícolas e produtos oleaginosos.
¿ O objetivo principal do nosso projeto é caracterizar genes e tecnologia que permitam o cultivo da soja em condições adversas, como as provocadas pela presença de fungos patogênicos (ferrugem asiática e macrophomina; estresses bióticos) e seca (estresse abiótico) ¿ explica Eliseu Binneck, engenheiro agrônomo da Embrapa Soja, no Paraná, Brasil, um dos integrantes de uma das equipes vencedoras.
Binneck diz que o incentivo da União Européia trás uma enorme contribuição para os países do Mercosul, porque representa uma boa oportunidade para posicionar o bloco nos mercados interna-cionais.
¿ Além da produção de tecnologias e conhecimentos cruciais para melhorar a sustentabilidade da agricultura na região, a iniciativa contribuirá para o compartilhamento de conhecimento e a formação de massa crítica em tecnologias de ponta. Isso é necessário para melhorar a competitividade científica dos países do bloco.