Título: No Rio, 17 mil mulheres procuraram SUS
Autor: Abade, Luciana
Fonte: Jornal do Brasil, 21/12/2008, País, p. A4

Há dez anos São Paulo é o estado campeão em atendimento de mulheres que fazem curetagem na rede pública de saúde. Pela primeira vez em dez anos, o estado registrou menos de 40 mil atendimentos dessa natureza. Foram 39.665 que custaram mais de R$ 6 milhões.

No Rio de Janeiro, em 2007, 17 mil mulheres que sofreram complicações durante o aborto foram atendidas na rede pública. O estado está atrás da Bahia, com 26 mil casos no mesmo período e Minas Gerais, com 19 mil curetagens.

A coordenadora da Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Lena Peres, acredita que a criação da CPI do Aborto mostra que o Congresso esqueceu que o Estado é laico e se polarizou por determinações religiosas. E que é um erro tratar como caso de polícia o que, na verdade, é uma questão de saúde pública.

¿ O ministério não é a favor do aborto como método contraceptivo ¿ explica Lena. ¿ Mas é a favor da descriminalização porque as mulheres não devem ser presas por fazê-lo. Sabemos que a prevenção é extremamente importante, mas as duas coisas andam em conjunto.

Para a coordenadora, o polêmico caso de Mato Grosso do Sul, onde dez mil mulheres foram acusadas de terem feito aborto em uma clínica de abortamento clandestino e mais de mil respondem a processo é um exemplo claro de que a prisão não é o caminho.

¿ Só as mais pobres estão sendo atingidas ¿ garante Lena. ¿ As quepagaram R$ 5 mil pelo aborto ainda não foram atingidas.