Título: Indicação de Aldo mira negociações futuras
Autor: Correia, Karla
Fonte: Jornal do Brasil, 22/12/2008, País, p. A4

A demanda relacionado ao controle das comissões na Câmara foi colocada pelo bloquinho como condição de apoio a Temer. Sem uma resposta positiva, o grupo optou pelo lançamento de seu próprio candidato. A idéia é levar o candidato do PMDB para o segundo turno e, já em outro cenário, aumentar o poder de barganha do bloco. Apesar de Aldo ser visto como nome de peso, capaz de desagregar o apoio a Temer ao atrair petistas insatisfeitos com o acordo com o PMDB, quem é visto como candidato com mais chances para chegar ao segundo turno ao lado do peemedebista é Ciro Nogueira.

A pecha de discípulo do ex-presidente da casa Severino Cavalcanti já não pesa tanto sobre Ciro, avalia um cacique do PDT. Ao menos não de forma negativa. Como seu padrinho político, que renunciou para escapar de processo de cassação pelas evidências de cobrança de propina ao dono de um restaurante da Câmara, Nogueira aparece como candidato do baixo clero, mas com potencial para atrair "dissidentes" do acordo PMDB-PT. Com Aldo Rebelo na jogada, a possibilidade de perda de votos aumenta para Temer. E ¿ espera o bloquinho ¿ um eventual segundo turno torna-se mais palpável.

Uma parte da bancada do PT na Câmara, que se mostra particularmente insatisfeita com o estilo do atual presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e mais ainda com a atenção dispensada pelo Palácio do Planalto ao PMDB, ajuda, nos bastidores, a turbinar a rebeldia do bloquinho no processo de sucessão no comando da Câmara.

Uma dissimulada resistência à candidatura do peemedebista Michel Temer (SP) dentro do Palácio do Planalto completa o cenário de ações que vão tentar minar o poder de voto do candidato do PMDB no período de recesso do Congresso. (K.C.)