Título: Sete cidades voltam às urnas
Autor: Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 13/02/2005, País, p. A4

Corre o segundo mês de 2005 e as eleições municipais de 2004 ainda não foram concluídas. No próximo domingo, urnas eletrônicas estarão prontas para receber os votos de menos de 7 mil eleitores nos minúsculos municípios de Ouro e Ouro Verde, em Santa Catarina. No dia 27, haverá novas eleições em cinco municípios de São Paulo - Serra Negra, Bento de Abreu, Viradouro, Iaras e Ibirarema - onde os prefeitos mais votados em 3 de outubro também tiveram seus votos anulados pela Justiça Eleitoral.

Os votos dos candidatos às prefeituras dessas cidades foram computados como nulos em função de práticas ilícitas durante a campanha, constatadas pelos tribunais regionais eleitorais. De acordo com a legislação, se o número de votos nulos superar em mais de 50% o número de válidos, novas eleições têm de ser realizadas.

Haverá ainda outras eleições desse tipo em municípios também de São Paulo, Paraíba, Goiás, Pernambuco e Rio Grande do Sul, em março, dependendo de recursos a serem julgados pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Mas o pleito mais importante deste mês terá lugar na estância hidromineral de Serra Negra, cidade de cerca de 25 mil habitantes, 19 mil eleitores, a 152 km da capital paulista.

O ex-prefeito Paulo Roberto Scachetti (PPS) candidatou-se à reeleição, em coligação com vários partidos, inclusive o PT e o PSDB. O vice de sua chapa era Sidney Ferraresso, do PSDB. A chapa vencedora teve 8.130 votos (55,46%) contra 6.526 da opositora, encabeçada por Odila Giachetto (PFL).

Escorado na possibilidade de um recurso final ao TSE, Scachetti, advogado de 43 anos, que já foi presidente da Câmara de Vereadores de Serra Negra, vai concorrer novamente. Só que, agora, o prefeito cuja eleição foi anulada terá de enfrentar Beraldo Cattini (PT), um candidato próprio do PSDB (Sinésio Beghini) e outro do PMDB (o ex-prefeito Elias Elias Jorge). A candidata do PFL derrotada em outubro pelo prefeito que ganhou mas não levou passou a ser a vice na chapa do PSDB.

Paulo Roberto Scachetti considera-se ''injustiçado'' por ter seu mandato cassado antes de assumir a Prefeitura de Serra Negra. Segundo explica ao JB, seu diploma foi cassado pelo voto de minerva (4 a 3) pelo TRE de São Paulo, porque ele realizou uma festa comemorativa do aniversário da cidade, no dia 23 de setembro, e foi acusado de ter se aproveitado da festa para publicidade nos meios de comunicação.

Ele afirma que se limitou a enviar à imprensa um ''press release'', à guisa de convite, e não ''publicidade institucional''. E ressalta que os prefeitos eleitos nos demais municípios paulistas que tiveram votos anulados foram processados e julgados por compra de votos.

Estão neste caso as pequenas cidades paulistas que também terão novas eleições no dia 27: Viradouro (12.351 eleitores), Ibirarema (4.190), Iaras (2.789) e Bento de Abreu (1.806).