Título: Indústria bélica francesa mira futura venda de caças
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 23/12/2008, Tema do Dia, p. A6

Acordos celebrados aumentam chances de país conseguir novas parcerias

Brasília

O acordo com o governo brasileiro para a construção de 50 helicópteros e quatro submarinos ¿ um deles de propulsão nuclear ¿ tem um efeito simbólico para o governo e a indústria bélica da França. Significa que os dois países estão retomando velhas parcerias e que a França se acha no jogo daquele que será o grande negócio da aviação brasileira para o aparelhamento de seu sistema de defesa: a compra de 36 caças, num total estimado em cerca de US$ 2,5 bilhões, dentro do Projeto F-X2, no qual o país figura entre os três favoritos com o Rafale - C, produzido pela Dassault Aviation.

Estão no páreo também a norte-americana Boeing (F-18 E/F) e a sueca Saab (Gripen). O primeiro lote de 36 aviões deverá ser entregue até 2014. A longo prazo, o projeto prevê um total de 120 caçadas.

Embora o mercado desconfie que paira no ar um certo favoritismo à Boeing, as autoridades brasileiras juram que nenhuma das empresas está em vantagem. A França tinha uma parceria com o governo brasileiro na compra dos caças Mirage, mas ela se extinguiu com os contratos.

A etapa que apontará uma certa tendência do governo brasileiro será definida no início de fevereiro, quando uma comissão designada pelo Alto Comando da Aeronáutica abrirá os envelopes com as respostas das indústrias ao pedido de oferta formalizado no final de outubro. Como se sabe, além do preço, o governo brasileiro finca o pé em pelo menos três itens determinantes para fechar o negócio: as condições técnicas e a capacidade de resposta dos da aeronave, a transferência de tecnologia e as compensações comerciais ao Brasil.

Nova etapa

O Projeto F-X2 está previsto para ser concluído em outubro do ano que vem, com a assinatura do contrato entre o Ministério da Defesa e a empresa vencedora da concorrência. A abertura dos envelopes, inicialmente marcada para o dia 2 de fevereiro de 2009, deve marcar o início de uma nova etapa das negociações. Uma vez conhecidas as propostas, especialistas brasileiros em aviação planejam iniciar visitas às indústrias para conhecer de perto os aviões da empresa vencedora.

Na única declaração que deu sobre as negociações, no início de novembro, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, disse que não havia mais parceria com o governo ou a indústria bélica francesa sobre caças, mas também procurou desfazer a idéia de que exista alguma tendência no governo brasileiro por uma das três concorrentes.

¿ Não existe nenhuma favorita e nem tendência por qualquer delas. A tendência chama-se Brasil ¿ garantiu o brigadeiro na ocasião.

Na mesma linha, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que a comissão é que definirá quem apresentará melhores condições para o fechamento do negócio. Mas faz questão de avisar ao mercado internacional que o governo adotou um novo padrão de negociação.

¿ O Brasil não se apresenta mais como comprador de prateleira.