Título: Críticas ao sistema tributário e à legistação trabalhista rígida
Autor: Americano, Ana Cecília
Fonte: Jornal do Brasil, 23/12/2008, Tema do Dia, p. A2

O vice-presidente da Telecom Italia para a América Latina, Carmelo Furci, defendeu a posição do Brasil e seu compromisso com a rodada de Doha. Elogiou, também, as iniciativas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Ele sugeriu, no entanto, que os recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) fossem mais abrangentes, incluindo todas as tecnologias pertinentes. Carmelo aproveitou para centrar suas críticas nos tributos cobrados sobre o setor de telecomunicações, que chegam a 35% do custo pago pelo cliente final.

¿ É mais do que se cobra sobre bebidas alcoólicas ¿ reclamou.

Werner Stuffer, vice-presidente internacional de tributos da Siemens, criticou o que chamou de alto nível de complexidade das normas nas três instâncias de governo.

¿ Gastamos três vezes mais tempo nas questões tributárias no Brasil do que em qualquer outro país onde temos presença ¿ afirmou. ¿ Há uma grande necessidade de o país adotar alguns princípios internacionais. Os negócios não podem aceitar pagar mais de uma vez pelo mesmo produto.

Segundo o executivo, a Siemens tem mais de 500 ações tributárias no país ¿ número que supera em muito o total em qualquer outros dos 180 países em que atua.

¿ Precisamos chegar a soluções aceitáveis tanto para os governos envolvidos nas três esferas quanto para as empresas ¿ disse.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria, Armando Monteiro, lembrou que seria interessante harmonizar alguns marcos legais trabalhistas com os de outros países.

¿ Na França discute-se a flex security, uma fórmula em que o trabalhador pára de trabalhar temporariamente, mas mantém seu emprego. Essa proposta de suspensão temporária do contrato de trabalho, conjugada com mecanismos de seguro desemprego e algum tipo de assistência que a própria empresa pode continuar a prestar no período é interessante para um momento como este.

Segundo Monteiro, o Brasil não pode se dar ao luxo de afastar, agora, qualquer possibilidade que assegure a manutenção dos empregos. Para ele, a questão não exige, necessariamente, a tutela do governo.

¿ Nesse caso, os atores dessa relação são empresas e sindicatos.