Título: Protógenes descarta grampo no STF
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 24/12/2008, País, p. A7
Em entrevista, delegado chama Dantas de "banqueiro bandido"
Brasília
O delegado da PF Protógenes Queiroz disse acreditar que não houve grampo realizado contra o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, durante a Operação Satiagraha e qualificou de "banqueiro bandido e condenado" Daniel Dantas, o principal investigado na ação. Em entrevista ao "Roda Viva", da TV Cultura, na segunda à noite, o delegado rejeitou qualquer grampo ilegal de uma conversa entre Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
¿ Levaram o nome de duas importantes pessoas da República fabricando um escândalo ¿ disse. ¿ Eu acredito que não houve grampo. Não existe áudio. Logo que foi anunciado (o suposto grampo) eu mesmo perguntei "cadê o áudio"? Eu quero o áudio.
Para o delegado, "a partir de vários outros momentos deixou-se de falar da conduta de um banqueiro, que na verdade é um criminoso.
¿ Eu estou na condição de investigado porque os veículos (de comunicação) informaram ao leitor uma afirmação mentirosa¿ disse, em referência à gravação. Dantas teve a prisão decretada por duas vezes pelo juiz Fausto de Sanctis, da 6ª Vara de São Paulo, e foi libertado por habeas corpus do STF em ambas.
A suposta escuta do presidente do Supremo desencadeou uma investigação da própria PF contra o delegado por desvio de conduta e quebra de sigilo funcional. O delegado foi acusado de permitir que fossem filmadas as pessoas presas na operação.
Em julho, a PF realizou a operação que investigou denúncias de lavagem de dinheiro, desvio de verba pública e corrupção. Foram presos políticos, como o ex-prefeito Celso Pitta, e investidores, além de Dantas, dono do grupo Opportunity. Protógenes minimizou a exibição dos suspeitos algemados. ¿ A imagem do bandido poderoso não choca a população. Não prejudica a investigação. O que me choca e o que choca a população, e que ninguém comenta, são crianças algemadas ¿ disse.