Título: De olho em 2010, PSDB faz ofensiva contra a Petrobras
Autor: Monteiro, Ricardo Rego
Fonte: Jornal do Brasil, 25/12/2008, Economia, p. A16

Senador quer convocar Gabrielli para novo esclarecimento de empréstimo

Ricardo Rego Monteiro

Principal motor do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Petrobras deverá voltar, já nos primeiros dias de 2009, a ficar na alça de mira da oposição. O presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, deverá ser convocado, mais uma vez, a prestar esclarecimentos no Senado sobre os polêmicos empréstimos tomados junto à Caixa Econômica e ao Banco do Brasil. A convocação, que pode ocorrer até mesmo durante o recesso da Casa, deverá ser feita nos próximos dias pelo senador Arthur Virgilio Neto (PSDB-AM), líder do PSDB no Senado. O senador justifica que a iniciativa foi motivada pelo que classifica de novas evidências de má gestão da estatal.

O senador informou que a intenção da bancada do PSDB é conseguir viabilizar a convocação de Gabrielli, na pior das hipóteses, na primeira semana de janeiro. Embora admita a dificuldade de conseguir convocá-lo antes do fim do recesso, o senador afirmou que a hipótese não está descartada. Para isso, no entanto, o depoimento teria que ocorrer em uma das comissões regulares do Senado.

Virgilio justifica a nova ofensiva ao afirmar que a renegociação dos empréstimos, concluída na última semana, aumentou em R$ 1,5 bilhão o montante total do débito com os bancos estatais, hoje de quase R$ 6 bilhões. Além dos novos valores, o senador recorre à resistência da estatal em não baixar os preços dos combustíveis para reafirmar que a saúde financeira da companhia encontra-se comprometida.

¿ O alongamento dessa dívida demonstra que a Petrobras encontra-se realmente em situação difícil ¿ justifica. ¿ Só isso explicaria, também, o fato de o presidente da companhia ter refutado a possibilidade de reduzir o preço dos combustíveis nos próximos meses. Está mais do que claro que, hoje, com o petróleo na casa dos US$ 30, a Petrobras não pode abrir mão de qualquer receita.

Corrida eleitoral

Qualquer que seja o resultado do esforço do PSDB, no entanto, especialistas ouvidos pelo JB identificam na movimentação tucana sinais das dificuldades que deverá enfrentar o governo no próximo ano. Às vésperas da eleição de 2010, a estatal foi eleita o principal alvo da ofensiva da oposição. Estratégica para o esforço do governo de eleger o sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a estatal responde por praticamente 40% dos projetos do PAC.

No início da semana, Gabrielli negou a possibilidade de redução, a curto prazo, dos preços da gasolina e do óleo diesel. A hipótese foi mencionada pela ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada na semana passada. O documento revelou que o BC trabalha com a perspectiva de queda nos preços dos combustíveis já no início de 2009. A redução contribuiria para diminuir as pressões inflacionárias e, como conseqüência, assegurar maior margem para o Copom diminuir a taxa básica de juros (Selic).

Com relação ao empréstimo da Caixa, a Petrobras comunicou na terça-feira, por meio de nota oficial, que, além de alongar os prazos dos financiamentos, a renegociação resultou em taxas menores para a estatal. Se antes os vencimentos estavam previstos para 2009, agora podem ser quitados até 2011.