Título: Cotação do dólar divide especialistas
Autor: Joshua Krongold e Carol Massar
Fonte: Jornal do Brasil, 13/02/2005, Economia, p. A21
Líderes do mercado mundial de câmbio recomendam compra e venda Ninguém se entende no mercado de câmbio. O Morgan Stanley juntou-se esta semana ao UBS AG, elevando sua previsão para o valor do dólar em relação ao euro e ao iene. Já o Lehman Brothers Holdings Inc. aconselha a vender a moeda americana. O dólar teve valorização de 5,9% desde 30 de dezembro do ano passado, quando resvalou para um recorde de baixa em relação ao euro. A demanda pela divisa americana foi estimulada por especulações de que o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, vai adotar mais uma alta da taxa de juros além das outras seis impostas desde junho do ano passado, por sinais de que a economia do Japão está em estagnação e pela previsão do presidente do Fed, Alan Greenspan, de que o déficit recorde em conta corrente dos EUA diminuirá.
- O Fed é o único banco central do mundo que promoverá um aperto forte este ano - afirmou Stephen Jen, diretor de estratégia cambial mundial do Morgan Stanley de Londres. - Os diferenciais de rendimento vão começar a ser importantes, principalmente no caso do Japão.
O Morgan Stanley, a segunda maior corretora do mundo em termos de capital, prevê que o dólar vai se valorizar para US$ 1,24 por euro e para 96 ienes, a partir das estimativas anteriores de US$ 1,32 e 92, respectivamente, escreveu Jen, que trabalha em Londres. O UBS, a maior operadora de câmbio, aumentou sua projeção para o dólar no último dia 7, disse Daniel Katzive, estrategista de câmbio do UBS em Stanford, nos EUA, no mesmo dia.
O dólar deve ser negociado a US$ 1,27 dentro de um mês e a US$ 1,30 em três meses, estima o UBS. A projeção anterior era de US$ 1,34 e US$ 1,36, respectivamente. O banco manteve seu prognóstico para 12 meses de que o dólar cairá para US$ 1,40 por euro.
O Lehman orientou os clientes a aumentarem suas apostas na queda do dólar em relação ao iene e a venderem a moeda americana contra o franco suíço e a coroa sueca, segundo relatório semanal de estratégia cambial publicado sexta-feira. O banco prevê que o dólar enfraquecerá para US$ 1,40 por euro e para 90 ienes em 12 meses.
O Morgan Stanley, o UBS e o Lehman respondem conjuntamente por 17% do mercado mundial de câmbio, que movimenta US$ 1,9 trilhão por dia, segundo pesquisa da revista Euromoney.
Se em relação ao dólar os analistas divergem, no mercado de ações a convergência das previsões é maior. A expectativa é de que os papéis latino-americanos percam fôlego este ano depois de seu melhor desempenho em mais de uma década, em 2004. Esta é a visão de Mark Mobius, administrador de US$ 13 bilhões em ativos de mercados emergentes da Templeton Asset Management Ltd.
- Tudo indica que a América Latina vai se sair bem, mas não necessariamente superar o desempenho das outras regiões - disse o renomado executivo, de 68 anos.
O Índice Morgan Stanley Capital International de ações latino-americanas teve valorização de 35% no ano passado, quase o triplo da alta registrada pelo índice de ações de mercados emergentes asiático, depois de ter computado uma alta de 67% em 2003.