Título: Eu nunca matei ninguém, diz Battisti
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Fonte: Jornal do Brasil, 30/01/2009, País, p. A7

Ex-ativista afirma que repercussão do caso é exagerada. STF vai ouvir Itália

BRASÍLIA

Em entrevista à revista IstoÉ, o ex-ativista italiano Cesare Battisti afirma nunca ter matado ninguém e diz não acreditar no que está acontecendo. No último dia 13, o ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu o status de refugiado político a Battisti. Ex-militante do grupo Proletários Armados pelo Comunismo, ele foi condenado pela Justiça italiana à prisão perpétua por quatro assassinatos cometidos na década de 1970. Battisti está detido no presídio da Papuda, em Brasília, desde 2007. ­ Eu, sinceramente, não acredito que tudo isso esteja acontecendo ­ diz o ex-ativista italiano. ­ É enorme, é exagerado. Eu não sou essa pessoa tão importante. Sou um dos milhares de militantes italianos dos anos 1970. Sou um das centenas de militantes que se refugiaram no mundo inteiro, fugindo dos anos de chumbo da Itália. O italiano diz ainda que a decisão de Tarso é bem fundamentada. ­

Ele analisou todos os documentos. Não foi uma leitura superficial. E a perseguição política está provada nos documentos. Acho que o gesto do ministro Genro foi de coragem e de humanidade. Eu nunca matei ninguém. Eu nunca fui um militante militar em nenhuma organização. O ministro Cezar Peluso, do Supremo Tribunal Federal, autorizou ontem que o governo da Itália se manifeste no processo de extradição de Battisti. Como relator da ação, Peluso também solicitou ao Ministério da Justiça cópia completa da decisão que concedeu status de refugiado político ao ex-militante. O pedido deve ser cumprido em cinco dias. Especialistas que acompanham o processo informaram que com essa decisão o caso deve entrar na pauta da corte apenas a partir da terça-feira e, não mais na segunda-feira, como era esperado.

O governo italiano tenta obter a extradição do ativista e, em protesto à concessão do status de refugiado político, chamou nesta semana o embaixador da Itália em Brasília, Michele Valensise, para prestar esclarecimentos sobre o episódio. A decisão do Ministério da Justiça gerou várias críticas e manifestações de diferentes segmentos na Itália. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na quarta-feira, via porta-voz da presidência, que o assunto estava encerrado no que se refere ao Executivo. (Com agências)