Título: Dilma: país já pode ter mulher no poder
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 30/01/2009, País, p. A10

Sem Lula, ministra rouba a cena no Fórum Social Mundial em Belém

BELÉM

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, voltou a dizer ontem que o Brasil já pode ter uma mulher presidente, embora tenha confirmado que ainda não é candidata. Dilma foi a Belém participar do Fórum Social Mundial e foi aclamada por cerca de 500 pessoas durante um evento, que gritaram "Brasil, urgente. Dilma presidente". Ela se disse comovida com o carinho. ­ O Brasil está preparado para ter uma mulher presidente, um presidente negro, um índio. O Brasil é uma sociedade democrática ­ disse a ministra para a platéia. Quatro presidentes da América do Sul - Evo Morales (Bolívia), Hugo Chávez (Venezuela), Fernando Lugo (Paraguai) e Rafael Correa (Equador) - reuniram-se ontem para discutir com movimentos sociais a "integração popular" na América Latina.

Detalhe: os quatro estavam em Belém (PA), os movimentos sociais na sua maioria eram brasileiros e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de também estar na capital paraense, não foi convidado para o encontro que fez parte do Fórum Social Mundial. O novo capítulo na difícil relação de Lula com presidentes esquerdistas vizinhos foi patrocinado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que organizou o evento deixando o líder do país anfitrião de fora. O mal-estar diplomático foi ainda recheado com cobranças, em especial do presidente paraguaio, ao governo brasileiro. Lugo trouxe à tona as disputas em torno da hidrelétrica de Itaipu. ­

Não acredito que um tratado leonino, firmado no tempo da ditadura (vá nos separar). Lula não pode dizer não a um preço justo e também à livre disponibilidade dessa energia ­ afirmou o paraguaio. Lugo conta com o apoio do MST para mudar o contrato de Itaipu. Apesar de não citarem o governo brasileiro em seus discursos, Evo Morales e Rafael Correa também criticaram indiretamente "o imperialismo da potências, a cobrança da dívida e as multinacionais". Ambos países tiveram problemas com empresas brasileiras. Chávez fez uma cronologia da guinada à esquerda ocorrida na América do Sul desde o final dos anos 90, ignorando a eleição de Lula em 2002. Chegou a dizer que a criação do FSM foi parte da "revolução" latino-americana. (Folhapress)