O Estado de S. Paulo, n. 46449, 19/12/2020. Economia, p. B5

 

Banco do Brics terá setor para projetos de sustentabilidade

Célia Froufe

19/12/2020

 

Caçula entre as instituições financeiras multilaterais, o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), mais conhecido como Banco do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), criará em 2021 um departamento específico para cuidar de questões de ESG. A sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa vem dominando as decisões sobre o rumo dos investimentos globais e, de acordo com grande parte de especialistas de todo o mundo, esse é um caminho sem volta, principalmente depois da pandemia do novo coronavírus (covid-19).

A criação de um departamento de ESG foi autorizada esta semana pelo conselho de diretores da instituição e, na prática, significa que profissionais da área serão recrutados dos países que compõem o banco e se concentrarão especificamente nesse segmento, que é uma novidade em todo o mundo e ainda carece de padrões globais. Grandes fundos internacionais já avisaram que, a partir de agora, só vão destinar recursos em projetos que tenham essas três letras como referência.

“A criação do departamento é fundamental porque vai em linha com a missão institucional do banco de investir em infraestrutura e desenvolvimento sustentável”, afirmou ao Estadão/broadcast o presidente do Banco do Brics desde maio, o brasileiro Marcos Troyjo, de Xangai, onde fica a sede da instituição.

Ele lembrou que atualmente o NBD já faz avaliação de ESG nos projetos em que os temas são pertinentes, mas que ao montar uma área específica para o assunto, o banco mostra internamente, para seus membros e clientes a prioridade que dará a esses critérios.

Setor privado. Outro parâmetro de desenvolvimento ao longo do ano que vem e que foi apresentado pelo presidente anterior da instituição, o indiano Kundapur Kamath, é a ampliação da atuação para o setor privado, já que o banco tinha inicialmente papel mais forte na área pública.

A previsão é que também seja criado um departamento exclusivo para o setor, com a avaliação de que, conforme a instituição vá criando musculatura e se tornando mais complexa, também haja uma tendência de mudar o tipo de modalidade financeira em que deve atuar.

O cardápio a ser desenvolvido nos próximos meses é mais diversificado, com projetos de Parceria Público-privado (PPP), equity (investimento em empresas já estabelecidas), finanças verdes, operações sindicalizadas e project finance (financiamento de longo prazo), para viabilizar projetos de grandes portes, entre outros.

O intuito é ampliar também o papel do Novo Banco de Desenvolvimento em cofinanciamento com outras instituições. “O banco está se modernizando estruturalmente para poder responder melhor às oportunidades com o setor privado e os critérios cada vez mais importantes do ESG”, disse Troyjo.

Compromisso

“A criação do departamento é fundamental porque vai em linha com a missão institucional do banco de investir em infraestrutura e desenvolvimento sustentável.”

“O banco está se modernizando.”

Marcos Troyjo

PRESIDENTE DO BANCO DO BRICS DESDE MAIO