Título: Um dia para o trabalhador esquecer
Autor: Healy, Jack
Fonte: Jornal do Brasil, 27/01/2009, Economia, p. A18
Indústria demite, em 24 horas, mais de 70 mil no mundo. Nos EUA, 45 mil perderam emprego
Jack Healy
Trabalhadores de todo o mundo, e particularmente da Europa e Estados Unidos, enfrentaram ontem uma nova onda de demissões que atingiu diversos setores. Nos EUA, inúmeras companhias afirmaram na manhã de ontem que fechariam um total de 45 mil postos de trabalho em uma tentativa para reduzir custos e sobreviver em meio à recessão que tem afetado a demanda, lucros e prognósticos de crescimento das empresas. No Brasil, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) confirmou a demissão de 130 mil trabalhadores em dezembro. O setor fechou o ano passado com um saldo de 7 mil demissões. Especialistas calculam que, em todo o mundo, mais de 70 mil trabalhadores podem ter perdido os empregos.
Os cortes anunciados ontem incluem 20 mil empregos na Caterpillar, fabricante de equipamentos pesados; 8 mil na Sprint Nextel, operadora móvel; 7 mil na Home Depot e 8 mil após a fusão entre as indústrias farmacêuticas Pfizer e Wyeth.
A General Motors anunciou que reduzirá os turnos de trabalho em suas fábricas em Michigan e Ohio, onde a crise teve efeitos mais graves, eliminando cerca de 2 mil empregos. Demissões em menor escala também foram anunciadas, como a John Deere que fechará 700 postos de trabalho, a maior parte no Brasil.
Diversas companhias européias também informaram cortes nas suas folhas de pagamento. O grupo ING, que opera no setor bancário e de seguros, afirmou que cortará 7 mil empregos; a fabricante de eletrônicos Philips demitirá 6 mil e a siderúrgica Corus fechará 3,5 mil postos mundialmente.
O presidente Barack Obama mencionou os anúncios de demissões na manhã de ontem quando pediu urgência ao congresso americano para aprovar o pacote de estímulo econômico de US$ 825 bilhões, que prevê cortes de impostos, benefícios emergenciais e projetos para gastos públicos.
¿ Estes não são apenas números em um pedaço de papel ¿ defendeu Obama. ¿ Assim como aconteceu com a perda de milhões de empregos em 2008, estes são homens e mulheres trabalhadores, cujas famílias foram seriamente prejudicadas e cujos sonhos tiveram que ser deixados de lado. Nós temos a obrigação perante estas pessoas e todos os cidadãos americanos de agir com urgência e em defesa de um propósito comum. Nós não podemos nos dar ao luxo de distrações e adiamentos.
Dificuldades para o pacote
Os anúncios de ontem foram os mais recentes de uma série amarga de demissões que afetaram desde Wall Street até operadoras de telefonia móvel, companhias de informática e rede varejistas. Na semana passada, a Microsoft anunciou o corte de 5 mil funcionários nos próximos 18 meses e a fabricante de motocicletas Harley-Davidson informou que estava eliminando mil empregos. Montadoras no Japão, Coréia do Sul e Europa também demitiram nos últimos meses.
¿ A magnitude destas demissões indica que a crise no mercado de trabalho parece estar acelerando ¿ afirmou Harry Holzer, economista da Georgetown University e do Urban Institute.
As demissões de ontem em todo o mundo ampliam as pressões sobre o Congresso americano para aprovação do pacote de socorro do presidente Barack Obama. Ontem, representantes do Partido Republicano, como o deputado John McCain, que disputou a eleição americana com Obama, anunciou que deverá votar contra o pacote de estímulo, que deverá alcançar um total de US$ 825 bilhões.Com agências