Título: Negociações por cargos estratégicos agitam Senado
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 28/01/2009, País, p. A6

No Senado, está deflagrada a corrida por cargos na Mesa Diretora da Casa e nas comissões permanentes. Além da disputa pela presidência do Senado, os parlamentares lutam por indicações em cargos estratégicos que possam beneficiar as legendas nos próximos dois anos. O PSDB, por exemplo, negocia cargos em troca do apoio do partido aos senadores Tião Viana (PT-AC) ou José Sarney (PMDB-AP).

Os tucanos estão dispostos a definir o voto da bancada de acordo com a oferta do candidato, mas cobram um preço elevado: a primeira-vice presidência do Senado e as presidências da Comissão de Assuntos Econômicos e da Comissão de Relações Exteriores. O partido pretende indicar o senador Marconi Perillo (PSDB-GO) para a 1ª vice-presidência, enquanto os senadores Tasso Jeiressati (PSDB-CE) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG) ficariam, respectivamente, com as presidências da CAE e da CRE.

Candidatura

Para facilitar as negociações, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), descartou ontem a possibilidade de que seu partido lance candidato próprio na disputa pelo comando do Senado. ­ Não existe essa possibilidade ­ disse ele. Sem citar o nome do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), apontado nos últimos dias como uma eventual alternativa, Guerra revelou que hoje a bancada de senadores se reúne com os dois candidatos à presidência do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e Tião Viana (PT-AC), para conversar sobre as eleições e definir a posição do partido. Interlocutores afirmaram que a defesa de alguns tucanos de haver candidatura própria para o Senado incomodou o comando do PSDB.

Para Guerra, é fundamental definir logo o apoio a Sarney ou Tião. Segundo interlocutores, dos 13 senadores do partido, menos da metade seria favorável à candidatura do petista. Alguns parlamentares afirmam que a maior parte da bancada do PSDB tem afinidade com Sarney por suas posições políticas, mas não há restrições pessoais a Tião e, sim ao fato de ele pertencer ao rival PT. O DEM, por sua vez, não está disposto a abrir mão da presidência da Comissão de Constituição e Justiça, a mais cobiçada da Casa, que atualmente está com o senador Marco Maciel (DEM-PE).

A presidência da CCJ, no entanto, foi prometida pelo PMDB ao senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), que deixou a disputa pela presidência da Casa em favor de Sarney. Nos bastidores, o PMDB já admite ceder a presidência da CCJ em troca do apoio da bancada do DEM a Sarney. A estratégia dos peemedebistas, para acomodar Garibaldi, será ceder a presidência da Comissão de Infraestrutura da Casa, cobiçada pela responsabilidade que tem de analisar obras do Programa de Aceleração do Crescimento.

O DEM ficaria, além da presidência da CCJ, com a 1ª secretaria do Senado - cargo atualmente ocupado pelo senador Efraim Morais (DEM-PB). O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) deve ser indicado pelo partido para ocupar o cargo. Além da Comissão de Infra-Estrutura, o PMDB também reivindica a presidência da Comissão de Ciência e Tecnologia - já que na Mesa Diretora o único cargo que lhe resta além da presidência é a segunda secretaria da Casa Legislativa. Na eventual vitória de Sarney, o PT deve ficar com a presidência da Comissão de Assuntos Sociais e da Comissão de Direitos Humanos. (Folhapress)