Título: Aliados de Temer aparam arestas com bancadas
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 28/01/2009, País, p. A6

Candidato do PMDB à presidência da Câmara tenta evitar traições

BRASÍLIA

Sem unidade interna em favor da candidatura do deputado Michel Temer (PMDB-SP), a bancada do PT na Câmara se reúne para afinar o discurso no próximo domingo véspera da eleição na Casa. Por determinação do comando da legenda, o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), trabalha para evitar dissidências e garantir o acordo firmado com os peemedebistas de apoio a Temer. Interlocutores informaram que, durante a reunião com a bancada, será discutido que a orientação do comando nacional do PT é manter os votos em favor de Temer. Mas também será compreendido que aqueles que não se sentirem à vontade, por questões regionais ou pessoais, estarão livres, sem riscos de punição.

O objetivo é evitar o tratamento administrativo do caso. Um pequeno grupo de deputados, dos 78 que integram a bancada na Câmara, ameaça se rebelar e apoiar os adversários de Temer. Os deputados reclamam que o PMDB do Senado rompeu o acordo com o PT ao lançar a candidatura do senador José Sarney (PMDB-AP) à presidência da Casa. Oficialmente, o PT insiste em afirmar que está mantido o acordo em favor de Temer, tanto é que o partido tem dois deputados na chapa do peemedebista: Marco Maia (RS), que vai concorrer à primeira-vice-presidência, e Odair Cunha (MG), que disputa a terceira-secretaria.

A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), reconheceu, no entanto, que a votação secreta impede a vigilância sobre o cumprimento do acordo entre petistas e peemedebistas. Com o amparo do sigilo do voto, os petistas rebeldes pretendem dar apoio aos deputados Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Ciro Nogueira (PP-PI). Para esses petistas, a dificuldade não está em votar em Temer, mas em colaborar indiretamente com a eleição de Sarney. De acordo com os relatos reproduzidos pelos líderes petistas à Executiva Nacional do PT a queixa da maioria tem como origem divergências regionais.

Oficial

Favorito, Temer protocola hoje na Secretaria Geral da Mesa da Casa o documento que oficializa o apoio do bloco de 14 partidos políticos em favor da sua candidatura. A decisão foi tomada ontem depois de cerca de duas horas de reunião com os líderes das legendas.

O peemedebista espera, com o ato, reduzir as especulações sobre eventuais traições a sua candidatura. Participaram da reunião, na casa de Temer, os líderes do PMDB, PSDB, PT, DEM, PR, PDT, PTB, PV, PPS, PSC, PHS, PT do B, PTC e PRB. Durante a conversa, todos os líderes se manifestaram e reafirmaram o apoio a Temer. Pela contabilidade do peemedebista, há pelo menos 300 votos a seu favor.

Para ser eleito em primeiro turno na próxima segunda-feira, Temer precisa ter, no mínimo, 257 votos. Do contrário, haverá segundo turno, quando o vitorioso só precisa obter a maioria dos votos dos deputados presentes em plenário. Para evitar riscos de falhas na contabilidade, Temer tomou o cuidado de conversar separadamente com cada líder partidário.

Em um dos diálogos, Rands adiantou que dos 78 deputados da sua bancada,no máximo cinco ameaçam romper o acordo de apoio ao peemedebista. Há dissidências também no PDT, pois alguns dos deputados do partido são favoráveis ao nome de Aldo Rabelo (PC do B-SP). Para mostrar a unidade do bloco liderado pelo peemedebista, entretanto, os partidos divulgaram nota oficial ontem.

"Os partidos e líderes reafirmam compromisso com as candidaturas indicadas pelos partidos políticos para a formação da chapa, que tem como candidato a presidente Michel Temer" diz o documento. Uma série de reuniões entre os líderes dos partidos que integram o bloco do peemedebista e as bancadas de cada legenda estão previstas para ocorrerem até segunda-feira, em mais uma tentativa de garantir a Temer a coesão necessária para sua vitória.