Título: Chuva, batuque e recado para Davos
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 28/01/2009, País, p. A10

Organizador do FSM, Oded Grajew critica ajuda financeira de governos a grandes empresas

BELÉM

Aberto oficialmente ontem em Belém, no Pará, com uma marcha de milhares de pessoas na cidade debaixo de forte chuva, o 9º Fórum Social Mundial inicia hoje seus eventos e segue até domingo com um misto de preocupação com o cenário financeiro mundial, críticas ao mercado especulativo e reforço das propostas de maior conciliação entre os povos através de programas de cooperação. A caminhada de abertura contou com o som de atabaques africanos, em cerimônia que evocou orixás e pediu a proteção "dos deuses" para o maior evento de movimentos sociais do planeta, onde comemoravam os participantes.

O eco ressurgiu na voz de um dos idealizadores do FSM, o empresário brasileiro Oded Grajew, que já fez parte do governo Lula. Em tom de recado, ele lembrou, em coletiva, que as oito edições anteriores do Fórum alertavam para o colapso que vive hoje o mercado mundial. Grajew também rebateu as críticas de que o FSM é uma instância de reclamação, que não propõe soluções.

Segundo o empresário, as alternativas foram apontadas ao longo dos anos, mas não tiveram repercussão entre os responsáveis pelas políticas públicas e pelos investimentos mundiais. ­ Diziam que os recursos eram limitados. Agora na crise, de repente, apareceram trilhões de dólares para socorrer montadoras, bancos e empresas falidas e que poderiam ter sido usados para combater a pobreza, melhorar saúde, a educação ­ criticou. Para Grajew, o dinheiro repassado até agora a empresas e instituições financeiras para amortecer os impactos da crise seria "mais que suficiente" para combater a fome, a pobreza e melhorar o acesso à saúde e à educação no planeta.

Chefes de estado

A nona edição do Fórum Social Mundial reunirá cinco presidentes de esquerda da América Latina. Mas eles devem encontrar um clima de cobranças sobre a crise econômica global e a preservação da Amazônia, afirmam os organizadores do encontro. Estão confirmados Luiz Inácio Lula da Silva, Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador) e Fernando Lugo (Paraguai).

Eles devem ficar na capital paraense entre quinta e sexta-feira. Antes, o maior número de presidentes reunidos em só um fórum ocorreu em 2005, em Porto Alegre (RS), com Lula e Chávez. Segundo Cândido Grzybowski, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, os presidentes foram convidados para responder o que planejam fazer diante dos dois principais temas do fórum deste ano: a "falência" do sistema financeiro mundial e a busca de alternativas de desenvolvimento sustentável ­ daí a escolha da Amazônia como sede. ­ Eles não são membros natos do fórum. São só convidados. estamos atentos e nossa função é pressionar e vamos continuar pressionando.

O governo Lula chegou a ser criticado em edições feitas em Porto Alegre pelo fato de estatais terem dado apoio à organização. Na edição realizada na Venezuela, em 2006, integrantes do governo Chávez controlaram a organização do evento.

Estr elas

A organização do fórum anun- ciou que recebeu confirmação da assessoria da Warner Bros sobre a chegada do casal de atores norte-americanos Angelina Jolie e Brad Pitt. (Folhapress)