Título: OIT: 2,4 milhões sem trabalho
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 28/01/2009, Economia, p. A18

Colapso econômico causará desemprego urbano na América Latina e no Caribe este ano

A crise econômica mundial deverá atingir fortemente os empregos urbanos na América Latina e no Caribe em 2009. De acordo com o Panorama Laboral, estudo divulgado anualmente pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a expectativa é de que cerca de 2,4 milhões de pessoas percam os empregos este ano na região. O estudo apresentado ontem mostra que o ciclo de redução do desemprego, que vinha se desenhando nos últimos cinco anos, vai chegar ao fim em 2009. Desde 2003, quando o nível de desocupação na América Latina e no Caribe atingiu o patamar de 11,2%, o indicador vinha caindo e chegou a 7,5% no último ano.

Os aumentos consecutivos no número de empregos vinham sendo provocados pelo crescimento econômico da região, que em 2008 ficou em 4,6%. Mas, em tempos de crise, as previsões negativas da OIT indicam que esse crescimento deverá desacelerar para 1,9% este ano, aumentando o número de desempregados, atualmente de 15,7 milhões. Com isso, a taxa de desocupação da população economicamente ativa nas cidades pode voltar aos 8,3% de 2007. ­ Nós sabemos que essa é a crise mais severa desde os anos 30 e seus efeitos começaram a ser sentidos em setembro.

Mas ela pega uma América Latina mais preparada e forte ­ disse a diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo. O Panorama Laboral alerta ainda que a perda da renda e do emprego de chefes de família e um processo de retorno de migrantes aos seus lugares de origem podem pressionar ainda mais os mercados.

Mulheres e jovens

Segundo o estudo, as mulheres e os jovens são os mais prejudicados quando o assunto é desemprego na América Latina. O nível de desocupação entre os jovens das áreas urbanas dessa região é 2,2 vezes maior que a média geral de desemprego, que foi de 7,5% em 2008. Entre as mulheres, o número de desempregadas é 1,6 vez maior que o de homens. Quando o assunto é informalidade, as diferenças de sexo também se refletem.

No caso dos empregos informais, a incidência entre as mulheres era de 60,2% em 2007, contra 57,4% entre os homens. O estudo da OIT ressalta que ampliar o acesso e melhorar a cobertura dos serviços de proteção social são desafios que devem ser encarados pelos países da América Latina e do Caribe, porque isso "melhora as condições de trabalho e ajuda a diminuir a pobreza".

Indústria

Depois de surpreender nega- tivamente no fim de 2008, o emprego industrial paulista deve continuar deteriorado por mais algum tempo em resposta aos efeitos da crise mundial na atividade brasileira, mas ainda é cedo para dizer até quando, afirmou ontem a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O fechamento de vagas em dezembro foi o maior da série histórica iniciada em 1994, levando o ano a registrar a primeira queda desde 2006.

O emprego na indústria recuou 2,72% em dezembro sobre novembro, com ajuste sazonal, o equivalente ao fechamento de 130 mil postos. Em 2008, a queda foi de 0,27%, com 7 mil demissões, ante alta de 5,11 % em 2007 e previsão da Fiesp de avanço de 2 %. O indicador Sensor ­ índice antecedente que mede o sentimento do industrial sobre a atividade do setor ­ subiu para 43,5 pontos na primeira quinzena de janeiro, ante 35,1 pontos no fechamento de dezembro, mas segue abaixo da linha de 50, que divide a contração do crescimento. ­

O Sensor mostra que há uma percepção de que a queda vai continuar ocorrendo. A percepção de queda foi atenuada em relação a dezembro, que foi o piso, mas diz que vai continuar caindo ­ afirmou o diretor econômico da Fiesp, Paulo Francini. O componente de emprego do Sensor avançou para 44,2 pontos na primeira metade do mês, ante 42 em dezembro, também mantendo-se abaixo dos 50 pontos. O diretor aprovou as medidas de liquidez do governo para conter a crise, mas disse que o corte de juro iniciado neste mês veio tarde. ­ Ainda é difícil prever o comportamento do ano ­ disse.