Título: Dez anos de Chávez no poder
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Fonte: Jornal do Brasil, 02/02/2009, Internacional, p. A21
Referendo do dia 15 decidirá reeleição do presidente
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, celebra hoje o décimo aniversário de sua chegada ao poder, com o olhar voltado para manter-se onde está, além de 2012. Com aceitação superior a 57%, Chávez ganhou popularidade ao investir em programas sociais. Mas as pesquisas mais recentes indicam que o país está dividido em dois.
"Juro ante Deus, ante a pátria e ante o povo que, sobre esta moribunda Constituição, impulsionarei as reformas necessárias para elaborar uma Carta Magna adequada aos novos tempos" foi o juramento de Chávez em 2 de fevereiro de 1999.
Dez anos depois, Chávez está concentrado em emendar essa mesma Constituição que ele ajudou a criar em 1999, para mudar cinco artigos e suprimir os limites à reeleição de qualquer cargo surgido das urnas. Se o texto for aprovado no referendo de 15 de fevereiro, o presidente poderá voltar a se candidatar em 2012, quando expira seu segundo e até agora último mandato.
A oposição sustenta que a emenda é inconstitucional, porque o povo já rejeitou, em outro referendo, em dezembro de 2007, a reeleição ilimitada, contida numa proposta de reforma à Constituição.
As pesquisas recentes mostram que a Venezuela está dividia em duas. Este cisma é sentido nas ruas e nos meios de comunicação. Segundo sondagem da Datanálisis, neste momento o "sim" à emenda conseguiria 51,5% dos votos, enquanto o "não" receberia 48,1%.
Em sua campanha, o governo insiste em que sem o Chávez se perde tudo: as escolas públicas, a saúde gratuita, o direito de escolher e a paz social. Por sua vez, a oposição considera que a emenda acabaria com o princípio de alternância e, além disso, a proposta já foi recusada.
¿ Os que queiram seguir por um caminho que leve direto à violência, à ingovernabilidade e ao caos devem votar não. Os que queiram paz, desenvolvimento humano e econômico e que a Venezuela se converta em potência venham com Chávez ¿ insistiu o presidente.
Amigos e inimigos de Chávez coincidem em que o discurso desse político, de 54 anos, mudou muito, sobretudo depois da tentativa de golpe de Estado, em abril de 2002.
O general Raul Baduel, ex-companheiro de armas de Chávez, assegurou em recente entrevista que o mandatário persiste em sua "ambição personalíssima" de ser presidente vitalício e "desdenha a vontade do povo que já disse não".