Título: Indonésia condena brasileiro ao fuzilamento
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 09/02/2005, País, p. A2

Surfista preso com seis quilos de cocaína foi considerado culpado por tráfico

JACARTA - O surfista brasileiro Rodrigo Gularte, de 32 anos, foi considerado culpado por tráfico de drogas e condenado à morte por fuzilamento pela Justiça da Indonésia. O julgamento aconteceu anteontem em Tanggerang (oeste de Java), mas só foi noticiado ontem pela imprensa local. Além do brasileiro, o indiano Gurdip Dishal foi condenado pelo mesmo crime.

Gularte foi preso no aeroporto internacional de Jacarta com seis quilos de cocaína escondidos na prancha de surfe em julho de 2004. A família de Gularte deve apelar da sentença.

Apesar de declarar respeito à decisão do tribunal indonésio, o embaixador do Brasil em Jacarta, José Soares, assegurou que dará apoio humano, psicológico e legal ao prisioneiro. A embaixada declarou que ''fará todo o possível'' para evitar que ele seja executado.

- Não temos pena de morte no Brasil. Se um indonésio fizesse o mesmo em nosso país, não seria condenado do mesmo modo. Faremos todo o possível para que não se cumpra a sentença - afirmou.

Se as apelações e os recursos não surtirem efeito, afirmou Soares, o Brasil pedirá clemência ao presidente da Indonésia.

Em 8 de junho do ano passado, o instrutor de asa-delta e um dos pioneiros do esporte no Brasil Marco Archer Cardoso Moreira, de 42 anos, também foi condenado pela Justiça da Indonésia à morte por fuzilamento, acusado de tráfico. Archer chegou à Indonésia em agosto de 2004, quando foi flagrado com 13 quilos de cocaína, que levava na estrutura de sua asa-delta.

A sentença de morte do esportista foi proferida, em primeira instância, pela Corte Distrital de Tangerang, com base na severa Lei de Entorpecentes da Indonésia, em vigor desde 2000. Acusado por autoridades da Indonésia de pertencer a uma quadrilha internacional, Archer alegou ter sido levado ao tráfico por causa de dívidas hospitalares contraídas em Cingapura, em 1997, quando sofreu acidente no qual fraturou o tornozelo, o fêmur e a bacia, e teve rompimento do intestino. A defesa alegou ainda que ele era réu primário.

Na época, a promotoria, contudo, apontou agravantes no caso, como a fuga do local do crime (ele se apresentou à polícia dias depois) e a grande quantidade de droga apreendida.

O brasileiro recorreu à Corte Superior e o julgamento dos recursos pode durar até dois anos.

A Indonésia é o maior país muçulmano do mundo e tem as leis mais severas contra o tráfico, porte e consumo de drogas. Desde 2000, 31 pessoas foram condenadas à morte por tráfico de drogas no país.