Título: Incra promete cancelar contratos
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Fonte: Jornal do Brasil, 09/02/2005, País, p. A4

RECIFE - A superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Pernambuco, Maria de Oliveira, afirmou ontem que vai cancelar os contratos de assentamento de todos os lavradores que estiverem envolvidos no conflito que resultou na morte de um policial militar no fim de semana, ocorrido em um assentamento controlado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Quipapá (200km ao sul de Recife).

Segundo ela, haverá ''profunda investigação'' sobre o caso.

- O Incra tem responsabilidade de combater a violência - afirmou.

De acordo com a superintendente, um representante do órgão visitará hoje a gleba, localizada no engenho Bananeira, para conversar com os agricultores. O assentamento abriga hoje 46 famílias.

A intenção, disse Maria de Oliveira, é reconstituir os fatos, ouvindo a versão dos próprios trabalhadores rurais. A polícia também deverá estar presente.

O principal líder do MST em Pernambuco, Jaime Amorim, declarou que acompanhará os trabalhos. Ele nega o envolvimento dos lavradores no caso.

A superintendente do Incra confirmou ter sido avisada pelo movimento que alguns sem-terra estavam sendo investigados pela própria entidade, por suspeita de envolvimento em crimes.

Ainda de acordo com a representante do instituto, há cerca de 10 dias o MST informou ter expulsado três de seus integrantes. Maria de Oliveira não confirmou se entre eles estavam José Ricardo de Oliveira Rodrigues e seu irmão Sérgio.

- Não podemos antecipar os nomes dos denunciados antes da apuração - explicou.

Os irmãos, segundo o líder do MST, integram uma quadrilha de assaltantes. Os dois estariam no assentamento quando houve o conflito, entre sábado e domingo passados. A polícia entrou no local, após perseguir um Saveiro supostamente dirigido por José Ricardo.

De acordo com o relato dos policiais sobreviventes, os PMs, trajando roupas civis, foram cercados por lavradores. O carro em que estavam teria sido depredado.

Armas e materiais de trabalho foram tomados e parcialmente recuperados horas depois.

O policial morto, soldado Luiz Pereira da Silva, foi baleado e apresentava marcas de espancamento. O sargento Cícero Jacinto da Silva, que acompanhava a vítima com outro soldado da corporação, Adilson Alves Aroeira, foi feito refém. Ele também apresentava marcas de tortura quando foi libertado. Aroeira conseguiu fugir e pediu reforço. Até ontem, ninguém havia sido preso.