Título: Hamas rejeita trégua
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/03/2005, Intenacional, p. A7''

GAZA - O Hamas rejeita o cessar-fogo declarado oficialmente ontem pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas. O anúncio foi feito pelo porta-voz do grupo na Faixa de Gaza, Mushir Al-Masri:

- A postura do Hamas ainda é muito clara. Não há um cessar-fogo com o inimigo sionista sem um preço. A declaração de Abbas representa apenas a postura da ANP, não necessariamente a postura das facções, entre elas o Hamas.

Segundo o grupo radical, a cúpula em Sharm el-Sheikh ''não obteve os resultados que o povo palestino esperava''. O Hamas condiciona a trégua à resposta de Israel com relação à libertação de palestinos detidos pelas autoridades israelenses. O grupo terrorista rejeita a proposta de Tel Aviv de soltar, por enquanto, apenas 900 dos mais de 8 mil detidos.

Abbas anunciou a criação de uma comissão para tratar do assunto mas reiterou que, de início, a previsão é a de que sejam soltos somente 900 prisioneiros.

Também ficou acertado em Sharm el-Sheikh que Israel vai transferir para os palestinos, daqui a três semanas, o controle de cinco cidades da Cisjordânia: Ramala, Jericó, Belém, Tulkarem e Kalkiliya.

- Chegamos a um acordo para que Israel se retire em um primeiro momento destas cinco localidades - confirmou Hassan Abu Libdeh, chefe de gabinete do premier palestino, Ahmed Qorei.

Nem todos os atos foram diplomáticos no Egito. Manifestantes queimaram bandeiras israelenses ontem, no Cairo, protestando contra a presença do premier de Israel, Ariel Sharon, no país.

- O sangue dos mártires não será derramado em vão - gritaram os estudantes, reunidos próximo à embaixada de Israel, enquanto ateavam fogo às bandeiras.

As forças de segurança egípcias isolaram o setor.

''Nos opomos à visita de Sharon a nossa terra com a desculpa de uma reunião de paz'', justificaram os manifestantes, em comunicado distribuído durante o protesto. Os estudantes acusam o governo israelense ''de cometer crimes espantosos contra o povo palestino''.

No centro do Cairo, houve outra manifestação, com a participação de jornalistas.

Alheio aos protestos, Sharon convidou o presidente egípcio, Hosni Mubarak, e o rei Abdullah II, da Jordânia, para visitar Israel. A proposta foi aceita por ambos. Os árabes também concordaram em reenviar a Tel Aviv ss embaixadores das duas nações chamados de volta em 2000.