Correio Braziliense, n. 21.133, 04/04/2021. Brasil, p. 6
Semana mais mortal da pandemia da Covid
Bruna Lima
04/04/2021
Com mais 1.987 óbitos acrescentados ao balanço de ontem, o Brasil encerrou a semana epidemiológica 13 como a mais mortal desde o início da pandemia. O país também ultrapassou a marca de 330 mil vidas perdidas (330.193). Levantamentos estatísticos que corrigem atrasos , contudo, dão conta de que a barreira negativa foi superada há mais tempo.
Pela análise do Observatório Covid-19 BR, iniciativa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), são 347.357 mortes até esse sábado, número estimado a partir do método nowcasting (ferramenta estatística que permite avaliar o que, de fato, está ocorrendo no momento pandêmico). Só nesta semana, o acumulado gira em torno de 28,8 mil óbitos, uma média de 4 mil por dia.
Sem a correção, o número que foi contabilizado no balanço do Ministério da Saúde dá conta de quase 10 mil registros a menos. São 19.643 fatalidades registradas na última semana, fazendo a média móvel de mortes se firmar em 2.806, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Mesmo assim, o acumulado aumentou em 10% na comparação com a semana anterior, quando foram somadas 17.198 perdas. Com isso, o país bateu recorde negativo de semana mais mortal pela sexta vez consecutiva.
Em meio ao colapso do sistema de saúde, os atrasos no registros no Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe) são ainda mais significativos, já que, muitas vezes, a mesma equipe responsável pela atualização dos casos precisa se revezar no atendimento a pacientes, ainda que de forma indireta, como ao agilizar leitos de UTIs. É o que explica o pesquisador Diego Ricardo Xavier, do Observatório de Clima e Saúde (LIS)/Icic.
"Não se trata de um processo automático. Por mais que se faça alterações para otimizar as inserções, ainda assim, o processo depende de pessoas, e existe um limite de digitação, sobretudo pelo número reduzido de profissionais que desempenham essa tarefa". Xavier explica que há números de janeiro sendo introduzidos atualmente e que, em especial, há uma liberação maior de números represados, no momento, em razão das mudanças no sistema. Passou-se a cobrar mais informações sem aviso prévio e, por isso, muitas mortes deixaram de ser contabilizadas. A atualização foi suspensa até que as unidades consigam se preparar para cumprí-la.
Após o feriado de Páscoa, no entanto, a expectativa é de que os balanços diários venham ainda mais negativamente incrementados.