Correio Braziliense, n. 21.132, 03/04/2021. Brasil, p. 5

 

Rumo a pior semana da pandemia

Bruna Lima

03/04/202

 

 

O Brasil confirmou, ontem, mais 2.922 mortes por covid-19, totalizando 328.206 pela doença desde o início da pandemia. Com médias móveis em altos patamares, a probabilidade é de que o país encerre a semana epidemiológica 13, que fecha hoje, com recorde de óbitos pela sexta vez consecutiva — o que seria o pior período do surto infeccioso. A previsão é de que os números se mantenham elevados até, pelo menos, meados de abril.

Faltando um dia para fechar a semana epidemiológica, o Brasil acumulou 17.656 novas mortes nos últimos seis dias, apenas 142 registros a menos do que toda a soma de atualizações da semana 12. Desde o fim de fevereiro, o país fecha os balanços semanais batendo recorde de novos óbitos.

As unidades de terapia intensiva (UTIs) lotadas e filas de espera por um leito na casa dos milhares indicam que a situação continuará se agravando a curto prazo, mesmo com a intensificação das medidas restritivas na maior parte do país. "É importante lembrar que as medidas de restrição de mobilidade, adotadas nos últimos dias por diversas prefeituras e estados, ainda não produziram efeitos significativos sobre as tendências de alta de todos os indicadores que vêm sendo monitorados", salientou o mais recente relatório do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na última terça-feira.

No boletim, os pesquisadores indicaram que todas as unidades da Federação, com exceção do Amazonas e de Roraima, estão com mais de 80% de ocupação dos leitos de UTIs, o que indica níveis críticos de funcionamento. "A incapacidade de diagnosticar correta e oportunamente os casos graves, somada à sobrecarga dos hospitais, num processo que vem sendo apontado como o colapso do sistema de saúde, tem elevado a letalidade da doença, dentro e fora de hospitais", explicou o documento da Fiocruz.
As medidas restritivas só devem começar a se refletir em menos mortes quando o sistema de saúde voltar a funcionar com menos pressão e os novos casos começarem a diminuir. Os primeiros sinais de redução de infecções podem ser vistos, ainda que com cautela, já no fechamento desta semana 13.

Ao contrário das mortes, a expectativa é de que haja uma redução de casos, após cinco semanas de aumentos. Por enquanto, são 419.720 registros positivos no acumulado dos últimos seis dias. Ontem, foram acrescentados 70.238, somando 12.910.082 infecções desde o início da pandemia. (BL)