O Globo, n. 32020, 07/04/2021, País, p. 10

 

Ciro sugere que Lula seja candidato a vice em 2022

07/04/2021

 

 

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria dar “um passo atrás” para ajudar o Brasil a “se reconciliar” e sugeriu que o petista poderia concorrer como candidato a vice em uma chapa presidencial em 2022.

Ao participar de um debate sobre a reforma administrativa organizado pela Central dos Sindicatos Brasileiros, na segunda-feira, Ciro afirmou que Lula deveria seguir o exemplo da ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner, que concorreu como vice do atual presidente, Alberto Fernández.

— A gente devia pedir generosidade a quem já teve oportunidade, como o Lula, que é uma grande liderança brasileira. Mas a gente devia pedir a ele que se compenetrasse e não imitasse o exemplo desastrado do (Nicolás) Maduro na Venezuela ou do Evo Morales na Bolívia. E olhasse o que a Cristina Kirchner fez na Argentina, em que, tendo uma força grande, deu um passo pra trás e ajudou a Argentina a se reconciliar —afirmou Ciro.

Terceiro colocado nas eleições presidenciais de 2018, Ciro afirmou que se o PT insistir na candidatura própria, Bolsonaro pode manter o discurso antipetista. Na semana passada, ele assinou um manifesto em defesa da democracia ao lado de outros cinco possíveis candidatos à Presidência: o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), o ex-ministro Luiz  Henrique Mandetta (DEM), o empresário João Amoêdo (Novo) e o apresentador Luciano Huck.

FH: “É HORA DE PASSAR O BASTÃO”

Ontem, em entrevista à Rádio CBN, o ex-presidente Fernando Henrique também fez referência a Lula. Segundo ele, que defendeu a união em torno de um nome de centro para a disputa pelo Palácio do Planalto em 2022, o petista deveria abrir espaço para outros candidatos.

— Chega uma hora que as pessoas devem passar o bastão, e me refiro ao presidente Lula. Que novidade ele vai trazer? Para o Brasil, seria melhor alguém realmente novo no jogo. Bolsonaro dificilmente vai representar algo diferente do que representou, que foi o “não ao PT”. Ou rompemos essa dicotomia ou o Brasil vai atrapalhar o futuro —disse FH.

FH manifestou apoio a Doria, mas afirmou que pode se tornar entusiasta de Ciro, se ele for “capaz de levantar votos”:

—Tem que ter alguém que expresse um sentimento de futuro. E esse futuro está altamente prejudicado agora pela saúde pública, a concentração de renda e o desemprego.