O Globo, n. 32020, 07/04/2021, Sociedade, p. 12

 

Brasil registra 4.211 mortes por Covid em um dia

Rafael Garcia

07/04/2021

 

 

O Brasil teve ontem, pela primeira vez desde o início da pandemia, o registro de mais de 4.000 mortes por Covid-19 em um período de 24 horas. Foram 4.211 óbitos, num cenário ainda de agravamento da mortalidade pela doença, com números de casos que não dão sinal de arrefecimento.

A marca dos quatro milhares foi atingida só duas semanas depois de o Brasil ter tido mais de 3.000 mortes por Covid-19 em um único dia, o que também ocorreu somente 13 dias depois do registro inédito de 2.000 mortes. As datas em que o país salta para uma nova casa de milhar estão mais próximas umas das outras do que no início da segunda onda no país. Um período de 83 dias transcorreu entre o registro de 1.000 e o de 2.000 mortes pela Covid no Brasil.

O Brasil já acumula 337.364 óbitos pela doença. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa formado por O GLOBO, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo, que compila informações divulgadas pelas secretarias estaduais de Saúde. Atual epicentroda pandemia, o Brasil agora registra, sozinho, 27% das mortes diárias do planeta, apesar deter apenas 2,7% da população mundial. Ontem, o país teve 82.869 pessoas diagnosticadas com infecção pelo novo coronavírus, totalizando 13.106.058 casos até agora. O número indica variação quinzenal de queda de 16% em escala nacional, que ainda parece ser pouco para arrefecera epidemia.

“As medidas de restrição de mobilidade e de algumas atividades econômicas, adotadas nas últimas semanas por diversas prefeituras e governos estaduais, estão produzindo êxitos localizados e podem resultar na redução da transmissão da doença nas próximas semanas”, afirma o boletim do grupo de análised apandem ian a Fio cruz. Masas equênciaédes animadora: “No entanto, seu efeito na diminuição do número de óbitos e no alívio das demandas hospitalares pode tardar, devido ao acúmulo de casos, diversos deles graves, advindos da exposição ao vírus ainda em março”.

Para os autores do boletim da Fiocruz, não está claro ainda se abril deve ou não ser um mês pior do que março nas estatísticas de morte da doença. Um sinal preliminar de alívio, que ainda precisas e confirmar, é a redução das notificações de síndrome respiratória aguda grave (SRAG, o quadro clínico típico da Covid-19).

— Na última semana, alguns estados já apareciam com uma redução no número de casos notificados de SRAG, mas é importante notar que os valores ainda são muito altos, e a taxa de ocupação dos hospitais ainda muito alta — diz Daniel Villela, coordenador do programa de computação científica da Fiocruz. — Como número de óbitos, infelizmente, acurva de tendência ainda está apontando para crescimento.

A média móvel de sete dias do número diário de mortes no país agora está em 2.775, o que representa aumento de 22% nas últimas duas semanas. Os três estados com maior aumento (ou menor redução) percentual no número de mortes são Rio de Janeiro (104%), Mato Grosso do Sul (70%) e Distrito Federal (55%). Goiás teve um número alto de mortes nas últimas 24 horas, 366 óbitos.

A média móvel de sete dias se refere aos números de mortes e casos do dia e dos seis anteriores. A medida é comparada com a média de duas semanas atrás para indicar se há tendência de alta, estabilidade ou queda na epidemia. O cálculo é um recurso para conseguir enxergar a tendência dos dados, abafando o “ruído” causado pelos fins de semana, quando a notificação de mortes se reduz por redução de mão-de-obra. Das 27 unidades da federação, 14 estão com o número de óbitos em viés de elevação nas últimas duas semanas, e 13 estão com os números em queda, ainda que elevados.

Até agora, o Brasil conseguiu aplicara primeira dose de vacina contra Covid-19 em 20.828.398 pessoas (9,84% da população), e 5.881.392 receberam a segunda dose, o que representa uma cobertura vacinal completa de 2,78%.

O estados que mais avançaram em aplicação da primeira dose foram Mato Grosso do Sul (13,22%), Bahia (11,83%) e Rio Grande do Sul (11,65%). Os que mais estão atrasados na aplicação da vacina são Acre (5,56%), Mato Grosso (6,01%) e Maranhão (6,53%).

TESTAGEM EM QUEDA

Enquanto o índice de vacinação da população não atinge um patamar que possa permitir o controle da pandemia e os óbitos por Covid batem recordes sucessivos, a quantidade de testes realizados nos laboratórios públicos caiu. Foram processados 1,8 milhão de exames em dezembro do tipo PCR, que faz o diagnóstico do vírus ativo no corpo, ante 1,6 milhão em março, quase 10% amenos do que naquele mês, segundo dados do Ministério da Saúde.

A testagem no país está atravancada desde o início da pandemia. Todos os quatro ministros da Saúde do período da pandemia — incluindo o atual, Marcelo Queiroga — colocaram o tema como prioridade no controle da doença, mas nenhum conseguiu alavancar a estratégia. Estados e municípios cobram do governo federal a distribuição detestes rápidos de antígenos, capazes de identificara infecção atual no organismo, tal como o PCR, com resultados em minutos.

Esse tipo deteste, no entanto, processado na rede pública. Segundo dados do Ministério da Saúde do último dia 30, entre os testes rápidos realizados no país, foram 14,1 milhões do tipo sorológico, que identifica apenas anticorpos produzidos por infecção anterior, e 8,4 milhões do tipo antígeno, que detecta o vírus, nas redes pública e privada.