Título: Greenhalgh caça votos para vencer no primeiro turno
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 10/02/2005, País, p. A2

Estrategistas da candidatura oficial afirmam que objetivo é evitar sustos BRASÍLIA - Os quatro dias que antecedem a eleição para a presidência da Câmara - marcada para as 16h da próxima segunda-feira - serão tensos para todos os candidatos, especialmente para os petistas Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e Virgílio Guimarães (MG). Os comandos de campanha vão jogar pesado em reuniões e telefonemas, em busca dos votos para garantir a vitória. Aliados de Greenhalgh fazem e refazem as contas e torcem para uma vitória ainda em primeiro turno, para evitar sustos. No lado de Virgílio, estrategistas admitem que só há uma maneira garantida de ele não vir a ser punido pelo partido: ser eleito presidente da Câmara. Greenhalgh passou o carnaval em Brasília ligando para parlamentares. Por falta de mobilização, desistiu de uma viagem à Região Norte, prevista para a noite de ontem. Deve se reunir com os deputados do Norte neste fim de semana, possivelmente em Brasília. Amanhã, almoça com a bancada baiana em Salvador, além de visitar o governador da Bahia, Paulo Souto e o prefeito da cidade, João Henrique.

- Estamos na arrancada final para vencer no primeiro turno. Esta é a nossa meta. Vencer nos 90 minutos, sem a necessidade de prorrogação ou decisão por penalties - afirmou o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP).

O parlamentar, contudo, não comunga da tranqüilidade de alguns assessores, que apontam entre 250 e 260 votos garantidos para Greenhalgh.

- O que vai decidir a eleição é o corpo-a-corpo. O voto é secreto, tem muito deputado fora da Casa. Não dá para ter certeza de nada - comenta.

Virgílio, ao contrário de Greenhalgh, passou o feriado na estrada. Ontem, visitou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Mas foi outra visita de Virgílio que continuou ecoando ontem: a ida do petista mineiro ao Sambódromo para pedir o apoio do ex-governador do Rio, Anthony Garotinho. Garotinho aproveitou a oportunidade para desancar o chefe da Casa Civil, ministro José Dirceu, acusando-o de discriminar o Rio de Janeiro.

- Foi um autêntico abraço de tamanduá. As críticas de Garotinho provocaram um constrangimento político enorme - criticou o deputado Maurício Rands (PT-PE).

Virgílio não se abalou com as críticas. Antes do encontro com Alckmin, lembrou que o objetivo de sua candidatura é abrir um canal de diálogo com a oposição.

- Por isso conversei com o Garotinho e com o Alckmin. O diálogo com o Garotinho era necessário.

Enquanto o mineiro conversa com a oposição, aliados buscam outros caminhos. Apostam que a sobrevivência política de Virgílio poderá ser garantida por votos secretos de petistas insatisfeitos com o Planalto.

- Existe um grupo que discordou diversas vezes do Governo ao longo deste dois anos e sempre foi contrário a punições. Quem sabe eles não votam no Virgílio para protegê-lo? - insinuou um aliado do petista mineiro.

Um dos coordenadores da campanha de Virgílio, o líder do PPS, Júlio Delgado (MG), lembra que a candidatura Greenhalgh não está consolidada. Prova disso seriam os rumores que chegaram a circular sobre o aparecimento de um terceiro nome na disputa.

- A eleição está polarizada. Nenhum dos dois tem condições, hoje, de vencer em primeiro turno - garantiu Delgado.

Correndo por fora, o líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), afirma que a eleição começa a ser decidida agora. Além dos três, ainda disputam a presidência os deputados Jair Bolsonaro (PFL-RJ) e Severino Cavalcanti (PP-PE).

- Até agora, o que houve foi uma demonstração de força desnecessária, comprovando que não existe nenhum candidato em condições para vencer em primeiro turno - avaliou.