Título: Documento condena polícia do Rio
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 10/02/2005, País, p. A3

BRASÍLIA - A polícia do Rio de Janeiro sofreu duras críticas no texto-base da Campanha da Fraternidade 2005, que prega Solidariedade e Paz. O documento, produzido por sete igrejas cristãs do país, diz que ''infelizmente'' é freqüente o envolvimento de policiais em assassinatos e outros atos criminosos, e que a polícia do Rio ''é a que mais mata no país''. A fonte para a elaboração do texto-base da Campanha da Fraternidade é um levantamento do Grupo de Pesquisa de Violência e Criminalidade da Universidade Estadual do Rio. Os dados mostram que a Polícia Militar fluminense matou 1.195 pessoas em 2003, mais de três vítimas por dia.

Em 83% dos casos não há testemunhas e 65% das vítimas não tinham antecedentes criminais. Do total de mortos, 61% receberam tiros na cabeça e nas costas.

''A população espera que os órgãos de segurança pública tenham a capacidade de prevenir e resolver os conflitos que surgem na sociedade sem que se tornem fonte adicional de violência'' - prega o texto-base.

O documento elaborado pelas igrejas cristãs também cita pesquisa da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro e do Instituto de Estudos da Religião referente a 25.648 armas apreendidas, mostrando que 33,1% foram legalmente registradas antes de caírem nas mãos de bandidos. O Rio também é citado pelo número de mortes por armas de fogo.

O documento, no entanto, faz uma autocrítica das próprias igrejas cristãs, no sentido de que falharam na tarefa de favorecer e promover a paz de diversas maneiras, incluindo a ''omissão'' diante de problemas sociais graves, ataque mútuos e a transmissão de uma educação religiosa ''que favorece preconceitos''.