Título: Novos atentados no Iraque pós-eleição
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 09/02/2005, Internacional, p. A10
Violência não era tão forte desde o pleito
BAGDÁ - Mais de 20 policiais iraquianos morreram ontem em Bagdá em um novo massacre dos insurgentes, que intensificaram os ataques enquanto políticos buscam alianças para a formação do próximo governo. O atentado, que deixou outros 30 agentes feridos, é o mais violento ocorrido em Bagdá desde 30 de janeiro, dia das eleições gerais para a formação da Assembléia Nacional.
Segundo a polícia, um suicida no comando de um carro-bomba detonou a carga perto de um caminhão, no qual um grupo de policiais se dirigia para entrar na antiga base aérea de Al Muthana, no centro-oeste de Bagdá. Outras fontes policiais acreditam se tratar de um ataque com morteiros.
Também ontem, Mithal Alusi, secretário-geral do Partido Democrático, sobreviveu a uma tentativa de assassinato. Mas dois filhos do político morreram alvejados na emboscada ao carro, em um bairro no Oeste da capital.
O polêmico dirigente ganhou notoriedade no ano passado, quando viajou a Israel para pedir a normalização das relações com o Iraque.
Além disso, insurgentes destruíram na noite de segunda-feira um trecho do principal oleoduto do Norte iraquiano. A estrutura ficou em chamas e a produção foi interrompida. O ataque a bomba danificou um trecho do oleoduto que une as jazidas petrolíferas de Kirkuk à central de produção em Baiji.
Enquanto a violência persiste no país, os grupos políticos tentam formar futuras alianças, à espera dos resultados eleitorais para poder concretizá-las. Os números parciais indicam uma ampla vitória da Aliança Unida Iraquiana (AUI), uma lista que reúne os principais grupos religiosos xiitas, radicais e moderados.
Membros da AUI indicaram que os candidatos da coalizão teriam ganho até na província de Salahdin, reduto sunita onde fica a cidade de Tikrit, terra natal do ex-ditador Saddam Hussein.
- É uma grande surpresa. Ultrapassamos os curdos e até a lista sunita do (atual) presidente (interino), Ghazi Yawar - disseram.
Porta-vozes do grupo destacaram que, à medida que mais resultados parciais forem liberados, ficará mais claro que o novo primeiro-ministro ''será um dos candidatos da Aliança xiita''.
O otimismo que reina na AUI contrasta com o pessimismo que começa a surgir no partido do Acordo Nacional Iraquiano (ANI), cuja lista encabeçou o atual primeiro-ministro interino, Iyad Allawi.
- Allawi já não está preocupado com o cargo de primeiro-ministro, mas em se concentrar na redação da Constituição e na tarefa de estabelecer um diálogo que leve à reconciliação nacional - admitiu um porta-voz do ANI, Yalil Mohsen.
As palavras coincidem com notícias no Iraque de que o premier interino teve muito menos apoio eleitoral do que o esperado.