Valor Econômico, n. 5222, 06/04/2021, Política, p. A8

 

Equipe econômica mudou o discurso, afirma Pacheco

RenanTruffi

06/04/2021

 

 

 

O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), acusou a equipe econômica de “mudar de discurso” depois de ajudar na aprovação do Orçamento Geral da União (OGU) de 2021, que virou foco de impasse por ser considerado “irreal”. No mesmo dia, Pacheco também conclamou que a sociedade brasileira ouça o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em detrimento do presidente Jair Bolsonaro, que voltou a criticar o distanciamento social.

Pacheco falou sobre o Orçamento durante um evento organizado pelo Itaú, com diversos investidores, que acontece paralelamente ao “Spring Meetings”, organizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo Pacheco, se houve algum erro na formulação da peça orçamentária, o governo também contribuiu para esse equívoco, mas voltou atrás após a repercussão.

No mesmo evento, Pacheco pediu que o mercado financeiro nacional e internacional “não desacredite” do Brasil, apesar das dificuldades que o país vem enfrentando por conta do recrudescimento da pandemia. “Disse num encontro com investidores que não se pode desistir do Brasil. Um país que aprovou reforma trabalhista, reforma da Previdência, autonomia do Banco Central e PEC emergencial, entre outras propostas, é um país que está comprometido com a rigidez fiscal. Isso precisa ser valorizado e reconhecido pelo mercado”, repetiu numa entrevista à CNN Brasil, algumas horas depois.

No mesmo dia, Pacheco também aproveitou para evidenciar a discordância dele em relação ao presidente Bolsonaro, que voltou a criticar, de forma repetitiva, as medidas restritivas de circulação. O presidente do Congresso conclamou que a sociedade brasileira dê ouvidos ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Segundo ele, o médico é quem pode guiar o Brasil no enfrentamento da pandemia porque se baseia na ciência.

“Conclamo que ouçamos o ministro da Saúde, que tem o seu protocolo e tem sido muito feliz no aconselhamento à sociedade brasileira. Quem precisa ser ouvido, à luz da ciência, é o Marcelo Queiroga. É o que eu faço, ele que pode nos guiar. Nós precisamos de pessoas que pensem o mesmo rumo, para que a gente possa enfrentar a pandemia”, afirmou.

 

De acordo com o senador mineiro, Câmara e Senado darão o apoio necessário para que Queiroga possa colocar medidas de distanciamento social em prática. Além disso, Pacheco provocou aliados de Bolsonaro ao dizer que criticar o isolamento em redes sociais é “mais fácil” do que encontrar uma solução real para o problema da pandemia.

Por fim, afirmou que a expectativa do Legislativo é que o Ministério da Saúde comece a vacinar, em média, um milhão de pessoas por dia já neste mês de abril e dois milhões de pessoas a partir de maio.