Título: Prisão de advogado causa revolta
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 04/03/2005, Internacional, p. A8

A detenção, na quarta-feira, do advogado tunisiano Mohamed Abbu - que criticara o convite feito ao primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, para assistir a uma cúpula internacional na Tunísia - gerou ontem denúncias da associação local de advogados em relação a represálias do governo, contra a oposição.

Abbu foi transferido para uma prisão na capital, por agentes da polícia secreta. Segundo o Conselho Tunisiano de Advocacia, o detido permanece sem ter o direito de se comunicar.

Vários colegas do advogado denunciaram que a prisão ocorreu por causa do texto que Abbu divulgou no início da semana, no qual criticava o convite feito a Sharon para assitir em novembro à cúpula da sociedade da informação, organizada pela ONU.

O governo tunisiano nega que se trate de um convite bilateral e destaca que é a ONU que elabora a lista de convidados, que inclui todos os membros da organização.

No entanto, desde que os tunisianos tomaram conhecimento do convite, surgiram protestos que crescem com a incorporação de partidos políticos, associações de defesa dos direitos humanos, jornalistas, estudantes, advogados e outros setores da população.

Uma autoridade, sem se identificar, admitiu que a detenção do advogado transgrediu o código da imprensa. Acrescentou, entretanto, que o objeto do delito não é o texto sobre o convite a Sharon, mas outro documento no qual Abbu comparava as prisões tunisianas com a penitenciária iraquiana de Abu Ghraib.

Ao criticar Sharon, na carta pública ''Ben Ali Sharon'', o advogado traçou um paralelo entre ''os dois generais'', atacando o atual chefe de Estado tunisiano, Zine al Abidine Ben Ali.

Já no texto sobre a situação das prisões tunisianas, divulgado na internet, o advogado afirma que a tortura é praticada de maneira sistemática contra os detidos.