O Globo, n. 32027, 14/04/2021, País, p. 9

 

Rede social pune postagem de Eduardo sobre covid

14/04/2021

 

 

Uma publicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, foi sinalizada ontem pelo Twitter por violar as regras da plataforma ao divulgar “informações enganosas” e “potencialmente prejudiciais” sobre a pandemia da Covid-19. O alerta ocorreu após o parlamentar criticar a adoção do chamado “lockdown”, medida restritiva contra o avanço do novo coronavírus. Além de Eduardo, o presidente Jair Bolsonaro e outros aliados também já foram alvos de mecanismos de regulação nos últimos meses, em função da desinformação sobre a pandemia.

Sem respaldo científico, Eduardo afirmou que a permanência de pessoas em casa, em isolamento social, acaba “aumentando a proliferação do vírus”.

“Lockdown é o oposto de distanciamento social. No lockdown, as pessoas são condenadas a ficarem confinadas em casa, aumentando a proliferação do vírus”, dizia a mensagem destinada anteontem aos mais de 2 milhões de seguidores de Eduardo no Twitter.

Ainda no ano passado, após o agravamento da crise sanitária mundial causada pela Covid-19, o Twitter adotou uma política contra informações enganosas sobre a doença. Por protocolo, a empresa passou a avisar o público quais são os conteúdos que contêm dados duvidosos ou falsos e a restringir o alcance deles — não é possível curtilos e o compartilhamento é dificultado, por exemplo. Quando feitos por autoridades ou personalidades notáveis, os textos são mantidos no ar, dada sua relevância para o debate público.

No lugar da mensagem de Eduardo, passou a constar o alerta do Twitter sobre a violação das regras e a justificativa para que o conteúdo não tenha sido excluído em definitivo. Ele ainda pode ser acessado, caso o usuário ainda deseje, após ler a sinalização feita pela empresa.

VÍDEOS DELETADOS

A lista de violações passíveis de sanções pelo Twitter inclui, entre outros tópicos, a divulgação de informações enganosas sobre “orientações ou ordens nacionais ou locais relativas a toque de recolher, lockdown, restrições de viagem, protocolos para quarentena, inoculações, incluindo isenções de tais orientações ou ordens”.

Em março do ano passado, a rede social deletou dois vídeos em que Bolsonaro aparecia causando aglomerações em Brasília, durante a primeira onda de transmissão da doença.

Em janeiro deste ano, aviso semelhante ao aplicado ontem na conta de Eduardo foi destinado a uma publicação em que o presidente defendia o tratamento precoce contra a Covid-19. Não havia base científica para a mensagem, uma vez que não há informações comprovadas cientificamente sobre medicamentos capazes de neutralizar o coronavírus ou impedir o contágio por ele.

As ações do Twitter, somadas a medidas no mesmo sentido tomadas por Facebook, Instagram e Youtube, fizeram com que os Bolsonaro buscassem alternativas para se manifestar: eles passaram a publicar também no Telegram e no Parler, onde a moderação de conteúdos é menos rígida.