Título: Argentina troca 76% da dívida
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/03/2005, Economia & Negócios, p. A20
Resultado reduz endividamento público de 113% para 72% do PIB do país e reabre crédito internacional
BUENOS AIRES - O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, anunciou ontem que 76,07% dos credores aceitaram a proposta do governo do país para a renegociação da dívida de US$ 81,2 bilhões. No total, a adesão à reestruturação equivale a US$ 62,2 bilhões. Para o presidente argentino, a troca teve a ''máxima aceitação'' do mercado financeiro. Com o resultado, a Argentina deixa a situação de moratória em que se encontrava desde 2001.
O governo argentino efetuou, entre os dias 14 de janeiro e 25 do mês passado, uma troca de títulos em moratória por outros papéis, só que com um deságio de até 75%, se considerados os juros não-pagos no período de calote. Ou seja, para cada US$ 100 de dívida, o credor receberá até US$ 25.
O mercado internacional de títulos previa uma adesão de 75% dos credores. Entre os principais credores da dívida renegociada, 38,4% são argentinos, 15,6% italianos, 10,3% suíços e 9,1% americanos.
Na Argentina, a expectativa dos empresários é que a renegociação reabra as linhas de crédito internacional para ajudar na recuperação da economia do país. Para este ano, a previsão do governo é de que o PIB cresça 8%. Em 2004, houve avanço de 8,8%.
De acordo com executivos do mercado financeiro, com o sucesso da operação, o perfil da dívida Argentina passará a ser mais positivo que o do Brasil, o que lhe garantirá uma elevação quase imediata na classificação de risco. O país já conseguiu que a Standard & Poors indicasse que, logo após a troca, a nota da Argentina deve aumentar para ''B'', enquanto o Brasil, embora siga à risca os compromissos da dívida, ainda não conseguiu previsão para reavaliação de sua nota.
- Os mercados aceitaram de uma maneira muito clara a proposta feita pelo governo argentino - disse o ministro da Economia, Roberto Lavagna.
O ministro afirmou que a dívida pública do país caiu para US$ 125 bilhões com a troca, o equivalente 72% do PIB (Produto Interno Bruto). Em dezembro do ano passado, a dívida havia chegado a US$ 191 bilhões (113% do PIB argentino no período).
Ainda ontem, o presidente do Uruguai, Tabaré Vásquez, anunciou que o chanceler cubano, Perez Roque, fez um pedido formal para que Cuba se associasse ao Mercosul.
De acordo com o recém empossado presidente uruguaio, a aceitação do país caribenho depende de um consenso entre os integrantes do bloco econômico.
Com agências