Título: O novo presidente do Senado
Autor: Fernando Girão Jornalista e historiador
Fonte: Jornal do Brasil, 10/02/2005, Brasília, p. D6

O Senado elegerá, no próximo dia 15 , o senador Renan Calheiros, como novo presidente do Senado, em substituição ao presidente José Sarney, que vem de exercer importante missão pela governabilidade. Depois de 114 anos de proclamada a República assume um jurista e político de expressão nacional, Renan Calheiros, o segundo alagoano a ocupar o cargo - o primeiro foi o Marechal Floriano Peixoto entre 1890 e 1891, que, além de ocupar a vice-presidência da República no governo do Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, outro alagoano, logo após assumiu a presidência substituindo-o. Na mesma época, ocorreu a promulgação da Carta Magna do país de 1891, assinada, entre outros pelos Senadores Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Clovis Bevilácqua, João Cordeiro, Nogueira Accióly, Sólon Pinheiro, Domingos Nogueira Jaguaribe, Joaquim Antônio Rodrigues Júnior, Francisco de Paula Pessoa e Thomaz de Paula Rodrigues, Justiniano de Serpa, José Martiniano de Alencar, Tristão de Alencar Araripe, Thomaz Pompeu de Souza Brasil , todos personagens da historia republicana em seus primeiros passos. O ato solene se tornou um momento histórico na Antiga Capital da República, o Rio de Janeiro.

Renan Calheiros bacharelou-se pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Alagoas em 1982, tendo presidido o diretório acadêmico da área de ciências humanas e sociais.

Em novembro de 1978 elegeu-se deputado estadual na legenda do Movimento Democrático Brasileiro. Com a extinção do bipartidarismo e a conseqüente reorganização partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), sucessor do MDB, tornando-se líder da bancada (1980-1981).

Eleito deputado federal em novembro de 1982, assumiu a vice-lierança do partido (1984-1985). Titular das comissões de Trabalho e Legislação Social, de Constituição e Justiça, e de Trabalho, Comércio e Indústria, votou contra todos os decretos-leis que determinavam o arrocho salarial e, em primeira votação, a favor do projeto de lei que proibia a demissão imotivada do trabalhador, ausentando-se na segunda votação, quando o projeto foi aprovado.

Estava de licença quando a Câmara se reuniu, em 25 de abril de 1984, para votar a emenda Dante de Oliveira, propondo o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República em novembro. Derrotada a proposição - faltaram 22 votos para que fosse levada à apreciação do Senado - no Colégio Eleitoral, reunido em 15 de Janeiro de 1985, Renan Calheiros apoiou o candidato oposicionista Tancredo Neves, eleito pela Aliança Democrática, uma união do PMDB com a dissidência do Partido Democrático Social (PDS) abrigada na Frente Liberal. Tancredo Neves não chegou a ser empossado, vindo a falecer em 21 de abril de 1985. Seu substituto foi o vice José Sarney, que já vinha exercendo o cargo interinamente desde 15 de março daquele ano.

Foi constituinte em 87, votando coerentemente cada artigo da nova carta.

No governo de seu conterrâneo Fernando Collor de Mello foi líder, tendo comandado importantes votações para a modernização do país. Mas, pouco depois, já se distanciava, decepcionado , com o presidente que acabou impedido.

Assumiu o cargo de Ministro de Estado da Justiça, teve grande desempenho no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, a partir de 7 de abril de 1998. Renan Calheiros é um homem publico hábil que tem se destacado no processo político brasileiro como grande articulador, sabe dialogar com os demais partidos políticos e está sempre em evidência no Cenário Nacional, como um dos grandes nordestinos do Congresso, como no passado o foram, Teotônio Vilela, José Martins, Rodrigues,, Marcelo Linhares, Oséas Cardoso, Parsifal Barroso, Juracy Magalhães, Pompeu de Souza Brasil, Arnon de Mello, Flávio Marcílio, Raul Barbosa, José Lins de Albuquerque, Pedro Borges, Eduardo Girão, Souza Girão, Tibúrcio Cavalcante, , Cid Sabóya de Carvalho, Juarez Távora, Barbosa Lima Sobrinho.

A eleição de Renan vai certamente dar continuidade a orientação serena de José Sarney , em ano que o Congresso vai precisar aprovar medidas importantes que venham a garantir o desenvolvimento econômico e o aperfeiçoamento político do Brasil. O debate político que certamente irá esquentar dada a proximidade do ano eleitoral de renovação do Congresso e da sucessão federal e estaduais vai encontrar um homem experiente e pronto a exercer sua autoridade no coamando da Camara Alta.