Título: Policiais reclamam de pouca verba
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 05/02/2005, País, p. A5

BRASÍLIA - Um policial federal recebe R$ 68 de diária para realizar para operações em cidades com menos de 200 mil habitantes, principais locais inspecionados pelos grupos móveis que combatem o trabalho escravo no país. O valor, destinado ao pagamento de hospedagem e alimentação, é considerado pouco para os servidores. De acordo com o delegado federal, Anilton Roberto, chefe da coordenadoria geral de defesa institucional, a diária paga não está sendo suficiente para o policial se alimentar e hospedar dignamente.

- Não há como prosseguir muito tempo se o policial tiver de pagar do seu bolso para fazer esse tipo de serviço. Com o tempo vai ficar inviável. Hoje, nós já temos um problema. A cada dia o policial é obrigado a se hospedar em hotéis cada vez piores para conseguir fazer com que o dinheiro dê para as necessidades diárias - explicou.

Segundo ele, atualmente há dificuldade de recrutar policiais para operações pelo baixo valor de diárias. Apesar disso, o delegado afirmou que não existe intenção de paralisar a atividade.

- Em hipótese nenhuma a gente pensa em paralisar o serviço, que é muito importante - garantiu.

O ministro Nilmário Miranda, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, encaminhou ao Ministério do Planejamento documento recebido durante o 5º Fórum Social Mundial com pedido de aumento no valor das diárias para policiais federais que fazem parte do Grupo de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho. São eles os responsáveis pela repressão ao trabalho escravo no Brasil.

Durante as atividades do Grupo de Fiscalização Móvel, os policiais são responsáveis por garantir proteção ao grupo de fiscais do trabalho e prender os agenciadores que recrutam trabalhadores para prestar serviços em situação degradante.

Em nove anos de atividade, o grupo já libertou mais de 13 mil pessoas que estavam em condição análogas à de escravidão. Em geral, os trabalhadores estão impedidos de deixar as propriedades, sem carteira assinada e mal alojados. Só no ano passado, foram libertadas 2.582 pessoas em 252 fazendas. As indenizações somam mais de R$ 4 milhões.