Título: Dissolução entra na pauta
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/03/2005, Brasília, p. D3
Governador abre negociação com os dissidentes
O encontro que o governador Joaquim Roriz teve com os seis distritais da base governista que compõem o bloco Frente Democrática, na tarde de quarta-feira, acabou virando tema de reunião da Mesa Diretora, ontem pela manhã, e na sessão plenária da Câmara Legislativa à tarde. Roriz declarou após a reunião que os parlamentares anunciariam o fim do bloco, hoje composto por distritais do PT, PFL, PPS, PDT e Prona A afirmativa irritou a oposição e constrangeu os governistas considerados dissidentes. Alguns ficaram surpresos com a afirmação e ressaltaram que o assunto não havia sido abordado no encontro.
- Todos já sabiam que o bloco acabaria, pois não há liderança que comporte PT e PFL sob o mesmo teto. Mas desse jeito, é desqualificar demais sua própria base - disse o deputado Chico Vigilante (PT). Seu colega de legenda, Chico Floresta, disse que vai propor uma reunião com os 14 membros da Frente, para reavaliar seus parâmetros.
- Estou com a pulga atrás da orelha'' - disse Floresta.
Para Eliana Pedrosa (PFL), o governador ''não foi feliz'' nas declarações à imprensa, pois ela garante que não houve discussão sobre o fim da Frente.
- Não fui eleita para votar qualquer coisa só porque é do governo - afirma a distrital.
Eliana ressalta que os deputados chegaram a pedir ao governador a retirada do processo que corre no Tribunal de Justiça, impetrado pelo PMDB, que questiona a legalidade regimental da formação do bloco, com distritais sem partido. O impasse jurídico estaria impedindo o fim do bloco e dificultando a comunicação dentro da base. No entanto, Roriz teria dito que não poderia interferir neste assunto.
Estiveram presentes do encontro de pouco mais de duas horas em Águas Claras os distritais José Edmar (Prona), Wilson Lima (Prona), Brunelli (PP) e os pefelistas Eliana Pedrosa, Leonardo Prudente e Fábio Barcellos, presidente da Casa, além do secretário de assuntos parlamentares, José Flávio. Roriz teria oferecido a indicação das administrações de Taguatinga e do Paranoá para José Edmar, bases do antigo aliado do governador, e a do Gama para Wilson Lima.
A promessa de reformas na estrutura administrativa do governo e o desgaste público do secretário de Saúde, Arnaldo Bernardino também poderiam surgir como expectativa de uma vaga na pasta, de grande interesse político.
No entanto, os distritais que participaram do encontro garantem que não houve negociação de espaço no governo neste primeiro momento. Leonardo Prudente conta que os seis questionaram Roriz pela quantidade de vetos no Executivo a projetos dos parlamentares. A suspensão das emendas dos deputados no orçamento do DF também entraram na pauta.