Título: Arroz e carne reduzem o custo da alimentação
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 04/03/2005, Brasília, p. D5

Queda é pequena, mas poderia ser maior sem o aumento do tomate, batata e óleo

O custo da cesta básica do Distrito Federal caiu 0,3% em fevereiro. Ou seja, permaneceu praticamente estável. O cálculo é feito pelo Dieese. O valor da cesta ficou em R$ 170,10. Já no acumulado dos últimos 12 meses, o custo subiu 3,23%. Apesar da estabilidade em fevereiro, a cesta básica de Brasília continua sendo uma das mais caras, entre as outras 16 capitais pesquisadas pelo Dieese. A Capital perde apenas para Porto Alegre, onde o custo é de R$ 175,57, e São Paulo, onde vai a R$ 175,04).

- O fato de termos uma leve queda não indica que o preço seja barato. Quem ganha pouco não consegue adquirir todos os alimentos da lista e acaba substituindo-os por outros produtos, de custo menor - afirma a supervisora técnica do Dieese no DF, Lilian Arruda Marques.

A supervisora acrescenta que um dos motivos para os altos preços praticados no Distrito Federal é o custo do transporte, uma vez que Brasília fica longe das regiões produtoras.

- Outro motivo é que como padrão de vida em Brasília, em média, é melhor, os supermercados acabam cobrando mais caro - afirma.

Dos treze produtos pesquisados, os que apresentaram maior alta foram o tomate (28,19%), a batata (5,56%) e o óleo (2,76%). Lilian explica que a alta desses produtos é sazional, devido, principalmente, às chuvas do período.

- O tomate é um produto muito perecível, por isso nessa época de chuva o seu preço costuma subir - explica Lilian.

Já o preço do arroz, que teve queda de 11,52%, foi favorecido pelo período de safra e pela redução de carga tributária. A chuva ajudou a derrubar o preço da alimentação (-3,75%). Os pastos verdes motivaram a criação de gado. Outros produtos que registraram queda foram a banana (-15,62%) e a farinha (-4,02%).

De acordo com a pesquisa conduzida pelo Dieese, um brasiliense que receba mensalmente um salário mínimo precisou trabalhar 143 horas e 56 minutos para adquirir a cesta básica.

O custo da alimentação representou 70,84% do salário mínimo líquido - descontados os 8% referentes à contribuição do INSS, que corresponde a R$ 240,12

O salário mínimo exigido para atender a todas necessidades básicas do trabalhador, segundo os cálculos do Dieese para o mês de fevereiro, alcançou R$ 1,474, ou seja, 5,67 vezes o salário mínimo vigente, de R$ 260. Esse seria o salário necessário para uma família padrão, formada por dois adultos e duas crianças. Esse valor atenderia aos gastos decorrentes de alimentaçao, higiene, vestuário, habitação e transporte, entre outras despesas.